De vez em quando lembro-me do Gajo Porreiro. Era mesmo o tipo de pessoa que a grande maioria de nós acha um Gajo Porreiro.
Nunca se via aquele indivíduo com um ar aborrecido, antes pelo contrário, sempre bem disposto, satisfeito e a tentar que todos assim estivessem. Não se lhe conheciam problemas ou inquietações, para ele tudo estava bem. Era de uma solicitude que espantava, sempre atento a qualquer necessidade que, desde que ele pudesse ou soubesse, era resolvida.
O Gajo Porreiro nunca parecia incomodado consigo, vivia para os outros. Com um sorriso, não se furtava a elogios a alguém com quem estivesse o, que, naturalmente, fazia com que ainda mais fosse considerado um Gajo Porreiro. Tinha uma estranha e eficaz capacidade de quase sempre dizer o que as pessoas gostavam de ouvir. Não se lhe conhecia cansaço ou falta de disponibilidade para o que quer que fosse que agradasse a alguém.
Como disse, a maioria de nós não se lembra de ter alguma vez conhecido um Gajo Porreiro como este.
Era um dos tipos mais infelizes que eu conheci. Um dia, sem incomodar ninguém, como sempre, escreveu o fim da sua narrativa.
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