sexta-feira, 17 de outubro de 2008

CONTRASTES

Exigências da vida profissional, tiraram-me do meu aconchego, o deserto, na mítica designação do Eng. Mário Lino sobre a área onde “jamais” seria construído o novo aeroporto.
A serenidade dos muitos anos retirou-me a pressa, o que permite apreciar, com calma, uma das maiores riquezas do nosso país, o contraste. Como exemplos imaginem o que os meus olhos deleitadamente observaram.
Um bosque de castanheiros em cor de Outono e um bem composto e disposto monte de entulho mesmo à beirinha.
Uma lindíssima casa em xisto com uns notáveis alumínios nas janelas e ainda enfeitada com toda a tralha publicitária própria do café Ká Te Espero.
Uns choupos imponentes que tomam tranquilamente conta de uma velha carcaça de frigorífico, ou seria de máquina de lavar?
Uma casa de pedra em ruínas já com poucas paredes em pé, vizinha de uma vivenda forrada a azulejos castanho claro com flores em grená.
Uma estrada estreitinha ladeada de acácias novas decoradas com garrafas e sacos de plásticos de cores variadas e intensas.
Uma gente que, quando estamos perdidos e pedimos informação, quase nos quer levar ao destino, cruza-se com outra gente que, como dizia a minha avó, nem a salvação retribui.
Chega de contraste. Como vêem, é impossível não gostar desta terra onde o passado não interessa, porque já foi, e o futuro não preocupa, porque é só amanhã.

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