Não posso deixar de voltar a um tema que já aqui referi e que continua a incomodar-me pelo enorme efeito, negativo, que entendo ter na saúde da democracia e na relação dos cidadãos com a actividade política. Refiro-me à insultuosa decisão da disciplina de voto imposta pelo PS aos seus deputados, relativamente à legislação sobre o casamento entre pessoas do mesmo género. Como é sabido, apenas o Sr. Deputado Presidente da JS está autorizado a usar a sua cabeça e consciência, todos os outros devem carregar no botão que o partido mandar independentemente do seu entendimento sobre a matéria. Mas muitos outros deputados serão acometidos do que eu costumo chamar a síndrome Martim Moniz, isto é, vão sentir-se profundamente entalados. E estarão entalados entre a ordem do dono e a sua própria consciência e sistema de valores. A título de exemplo, atentemos na situação da Sra. Deputada Ana Catarina Mendes que há anos e por diferentes formas, incluindo relatórios no âmbito da actividade parlamentar, tem manifestado uma posição favorável e que irá votar contra, o Partido obriga. A deputada afirma “não tenho margem de manobra”. Tem Sra. Deputada, dê uma lição de integridade e vote o que a sua consciência e sistema de valores lhe ditam. A democracia agradecerá o bom serviço embora talvez possa perder o seu lugarzinho na próxima lista para as legislativas. A escolha é sua, Pessoa dizia, “Para ser grande, sê inteiro”.
2 comentários:
Quando os diferentes espaços comerciais começarem a disponibilizar colunas vertebrais de prestígio talvez a referida senhora (?) e outros frequentadores do espaço político consigam redimensionar (ou, pelo menos, enfeitar) essa tal de "margem de manobra".
"O grupo parlamentar do PS vai apresentar amanhã uma declaração de voto, após a votação dos projectos de lei do Bloco de Esquerda e de os Verdes sobre o casamento entre homossexuais. Apesar de votarem contra os diplomas, os deputados explicam que estão a favor da união entre pessoas do mesmo sexo."
Publico
Filhos de uma grande pata!
Abraço
A.C.
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