Um dia destes encontrei o meu amigo Cajó. Vocês conhecem-no, é aquele tipo que é mecânico, faz biscates e tem um Fiat Uno todo kitado que é a menina dos seus olhos. Pois o Cajó anda atrapalhado com a crise. Isto significa, ao que dizem, que a crise já não é só financeira, é também económica e já esta a mexer com a vida das pessoas. Oiçam o Cajó.
Pois é amigo Zé, isto anda mau, é a crise. Aqui na oficina a gente nota bem. O pessoal começa a cortar-se no trabalho a fazer. Inda ontem teve cá o Necas e eu disse-lhe que o Corsa tava a precisar de pastilhas e o gajo disse-me que, se ainda não tavam no ferro, tinham de andar mais uns tempos. Depois quando a gente faz o trabalho, alguns, aqueles mais conhecidos, ainda pedem ao patrão para facilitar o pagamento em três ou quatro vezes. O patrão lá vai fazendo o que pode, mas também fica à rasca porque os gajos das peças querem a massa batida, não querem tar à espera. Mas a culpa desta cena, ouvi na televisão, é por causa dos bancos americanos. Não percebo o que é que os bancos americanos têm a ver com a nossa vida. Também oiço os bancos portugueses queixar-se, mas esses gajos tão sempre bem, o Manel até tava há bocado a dizer no café que os gajos do governo iam dar uma mão cheia de massa aos bancos. A mim ninguém me dá nada, farto-me de bulir mais a Odete por causa dos putos e de pagar a casa que tá sempre a subir. Você já viu isto? Onde é que vai parar? Depois é só notícias de gajos que se andam a encher à nossa conta. Para esses gajos não há crise, eu é que me lixo. Viu um dia destes aqueles gajos da Câmara de Lisboa que, só em almoços, foi um monte de massa? Mas a mim levam-me o todo. Tá bem que o patrão paga umas horas por fora e nos biscates não há papéis, mas farto-me de entrar com ele. E depois não tenho nada. Tou há espera de uma consulta dos olhos há uma data de tempo. Então o dinheiro vai prá onde?
Nesta altura, enquanto o Cajó tomava balanço para continuar, aproveitei para me despedir.
Pois é amigo Zé, isto anda mau, é a crise. Aqui na oficina a gente nota bem. O pessoal começa a cortar-se no trabalho a fazer. Inda ontem teve cá o Necas e eu disse-lhe que o Corsa tava a precisar de pastilhas e o gajo disse-me que, se ainda não tavam no ferro, tinham de andar mais uns tempos. Depois quando a gente faz o trabalho, alguns, aqueles mais conhecidos, ainda pedem ao patrão para facilitar o pagamento em três ou quatro vezes. O patrão lá vai fazendo o que pode, mas também fica à rasca porque os gajos das peças querem a massa batida, não querem tar à espera. Mas a culpa desta cena, ouvi na televisão, é por causa dos bancos americanos. Não percebo o que é que os bancos americanos têm a ver com a nossa vida. Também oiço os bancos portugueses queixar-se, mas esses gajos tão sempre bem, o Manel até tava há bocado a dizer no café que os gajos do governo iam dar uma mão cheia de massa aos bancos. A mim ninguém me dá nada, farto-me de bulir mais a Odete por causa dos putos e de pagar a casa que tá sempre a subir. Você já viu isto? Onde é que vai parar? Depois é só notícias de gajos que se andam a encher à nossa conta. Para esses gajos não há crise, eu é que me lixo. Viu um dia destes aqueles gajos da Câmara de Lisboa que, só em almoços, foi um monte de massa? Mas a mim levam-me o todo. Tá bem que o patrão paga umas horas por fora e nos biscates não há papéis, mas farto-me de entrar com ele. E depois não tenho nada. Tou há espera de uma consulta dos olhos há uma data de tempo. Então o dinheiro vai prá onde?
Nesta altura, enquanto o Cajó tomava balanço para continuar, aproveitei para me despedir.
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