Iniciámos hoje a época da azeitona aqui no Monte. O lagar já abriu e é preciso começar a entregar. Este ano a produção parece “escapatória”, como diria o Mestre Zé Marrafa se estivesse aqui connosco. As últimas chuvadas vieram a ajudar a engrossar a azeitona e a manter-se mais firme nas árvores. Vamos ter ainda uns dias de lida até darmos conta do recado. Falo no plural, mas desta vez e com tristeza estou de fora, os parafusos da coluna não rimam com as tarefas de apanhar azeitona.
A apanha da azeitona pelo método
tradicional é coisa brava e está uma ventaneira que até obriga a fixar os panos com umas pedras para não voarem.
Felizmente, conto com a ajuda
preciosa do Valter e do Diogo, gente vontadeira e sabedora que varejam, apanham,
carregam e entregam a azeitona do lagar. Contem comigo no próximo ano.
Passa-se algum tempo de espera lagar
passa-se nas lérias, claro, e os temas de conversa vão surgindo, mas quase
sempre, não podia deixar de ser, andam à volta dos enleios e das molengas em
que a vida da gente se transformou e da dificuldade de encontrar quem ajude na
apanha.
Acho que só lá para o fim de
Janeiro, quando voltar ao lagar para buscar o azeite, com o ambiente quentinho
das enormes salamandras que impede o azeite de coalhar e o cheirinho
inconfundível do azeite novo é que me vou esquecer das agruras da apanha da azeitona.
Já estou desejando o próximo ano
para que eu possa voltar a colaborar na lida. Espero.
São também assim os dias do
Alentejo.
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