Vão sombrios os tempos. No Público divulga-se um inquérito realizado pela Universidade de Lisboa entre Abril e Junho de 2022 abrangendo 7756 alunos dos cerca de 52 000 de todas as faculdades da Universidade mostra alguns dados inquietantes.
Apenas 36,4% dos alunos refere
sentir "engagement académico" pelo menos uma vez por semana. A
equipa que promoveu o estudo define este quadro como “estado psicológico de
bem-estar cognitivo-afectivo positivo".
Mais pesado se torna o cenário se considerarmos que apenas 14,5% diz sentir este bem-estar na maior parte do tempo. No que respeita a indicadores de saúde mental, 15,3% revelam sintomas burnout, 25% dos estudantes revelam níveis severos ou muito severos de stress, 26,4% apresenta níveis de ansiedade e 25,2% de depressão. Desde 2015 aumentaram 300% os serviços de apoio psicológico.
Os dados não são surpreendentes,
estão em linha com outros estudos, nacionais ou internacionais, mas são
preocupantes, muito preocupantes.
Estamos a falar de faixa etária
entre os 18 e os 23 anos, ainda que também tenham sido inquiridos estudantes de
doutoramento e estamos a falar de etapa muito relevante no seu percurso de
vida.
Partindo do princípio que a
maioria frequentará cursos escolhidos que sustentarão a construção de projectos
de vida que, seria de esperar numa perspectiva optimista, que podendo ser uma
etapa dura e com obstáculos pudesse criar uma imagem de futuro que motivasse e alimentasse
um quotidiano de trabalho exigente, certamente, mas vivido com alguma
motivação.
Embora a minha relação com alunos
do superior seja, actualmente, pouco significativa, há já algum tempo que se
poderia perceber alguns sinais de mal-estar.
O que me parece verdadeiramente
inquietante é não conseguir vislumbrar como poderemos em tempo útil reverter
esta situação e promover ajustamentos, e que ajustamentos, nos cenários de vida
destes jovens que são o nosso futuro.
O mal-estar, em todas as faixas
etárias, parece ser um novo normal. Que raio de mundo é este?
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