Foram divulgadas as listas para os concursos externos dos quadros de professores que se realizam no meio da anunciada tempestade da falta de docentes. Para 3259 vagas contabilizam-se cerca de 55 000 candidaturas sendo que existem dezenas de professores contratados com mais de 62 anos que ainda concorrem a um lugar de quadro. Este é um dos indicadores que traduzem as políticas que sucessivas equipas ministeriais desenvolveram e que têm contribuído para a crítica falta de professores. A tão "vendida" narrativa dos professores a mais traduz-se nos resultados que estão à vista.
Verifica-se o abaixamento do
número de inscrições nos cursos que habilitam para o ensino, os níveis de
(in)satisfação com a carreira, de stresse, de desmotivação, de arrependimento
pela escolha da profissão, etc.
Acresce o também muito conhecido
envelhecimento da classe que justificará o agravamento a curto prazo da já significativa falta de
professores com a entrada na reforma de alguns milhares e insuficiência dos
inscritos nos cursos de formação para a sua substituição.
A questão, é preciso insistir, é
que nada disto é novo. Sucessivos estudos nacionais e internacionais têm de há
vários anos referido estas matérias e a mudança mais substantiva é o
agravamento da situação com o passar do tempo. Curiosamente registam-se
demasiadas intervenções sobre eventuais soluções de muitos actores com
responsabilidade na situação actual.
Como já referi, são conhecidos os
problemas e sabemos que não é responder de forma imediata à falta actual e
futura de professores, teria sido mais fácil não negar a realidade e tomar
decisões proactivas.
Em todo o caso, também sabemos
que continua a ser necessário, entre outros aspectos, proceder à integração de
milhares de professores contratados e já com anos de experiência, a necessidade
de adequar a carreira e os requisitos de entrada na carreira, o modelo de
progressão e avaliação, o ajustamento e valorização do estatuto salarial dos
docentes, a promoção da sua valorização profissional e social ou a
desburocratização do trabalho dos professores.
Finalmente, importa sublinhar que
também sabemos que os sistemas educativos com melhor desempenho são também os
sistemas em que os professores são mais valorizados, reconhecidos e apoiados.
Sem comentários:
Enviar um comentário