No Público encontra-se uma peça que divulga um trabalho da Universidade do Porto sobre a situação de adolescentes e jovens entre os 14 e os 19 anos que fazem parte de minorias sexuais e de género (LGBTQ).
Os dados conhecidos são elucidativos do caminho que está por
fazer no âmbito da inclusão e na protecção dos direitos e bem-estar de todas as
pessoas.
Estes adolescentes e jovens são bastante mais vitimizados em
situações de bullying que os seus colegas da mesma idade, quatro em cada cinco
alunos nesta situação não o revelam a professores ou funcionários da escola. Na
relação com os colegas e amigos parece haver um pouco mais abertura, 37% dos
jovens afirmou que tinha dito a toda a turma ou à maior parte, mas apenas 13%
admite ter assumido que era LGBTQ a colegas de outras maior parte ou a todos os
estudantes de outras turmas. Relativamente aos amigos, 43,8% dos adolescentes e
jovens LGBTQ afirmaram que todos sabiam, mas 27,4% contou a apenas alguns ou a
nenhum amigo.
Estes indicadores evidenciam uma “experiência de invisibilidade”
na escola e na família referida por Jorge Gato, um dos autores do estudo.
Estes indicadores não surpreendem e tornam necessário reafirmar
mais uma vez que os níveis de desenvolvimento das comunidades também se aferem
pela forma como lidam com os grupos mais vulneráveis e com as suas
problemáticas. Este entendimento é tanto mais importante quanto mais difíceis
são os contextos em que se vivem e os tempos actuais parecem bem duros.
É também por razões desta natureza que entendo que
"Educação para a Cidadania" deve obrigatoriamente integrar o trabalho
desenvolvido na educação em contexto escolar. Aliás, de acordo com o estudo
referido, três em cada cinco alunos referem nunca ter sido tratados em contexto
escolar matérias relativas à aceitação de minorias sexuais e de género.
Precisamos e devemos discutir como fazer a abordagem destas
questões sempre considerando a autonomia das escolas. Não acredito na imprescindibilidade
de disciplinarização destes conteúdos, julgo mais interessantes iniciativas
integradas, simplificadas e desburocratizadas em matéria de organização e
operacionalização.
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