Numa peça do Público divulga-se o trabalho muito interessante desenvolvido na Escola Luís António Verney em Lisboa. No âmbito do combate ao insucesso e abandono tornou-se uma escola de ensino artístico especializado na área de música e dança e tem agora os seus primeiros finalistas.
Não conheço a realidade abordada, conheço outras e sei que é possível. A escola e os professores, não sendo a solução para os todos os males do
mundo, podem e fazem a diferença e tornam-se uma dimensão essencial na construção de
projectos de vida positivos para os seus alunos. Algumas notas de natureza
global.
A escola, no seu sentido genérico, não tem responsabilidade
directa por décadas de políticas urbanísticas, sociais, educativas, económicas
que produzem exclusão e pobreza.
A escola, no sentido genérico, não tem responsabilidade
directa na manutenção de estereótipos, preconceitos ou representações sociais
sobre pessoas ou grupos.
No entanto, é também pela escola que passam as consequências
deste cenário e as alterações positivas que desejamos que aconteçam e importa reconhecer
que a escola continua a enfrentar dificuldades enormes e acrescidas.
Ainda assim, não sendo por milagre, não sendo por acaso, não
sendo por mistério, com recursos e visão a escola, cada escola, pode e deve procurar
fazer a diferença e contrariar os riscos e as dificuldades que aguardam (sobretudo)
as crianças nascidas no lado menos confortável da vida, mas que também podem
envolver qualquer criança de qualquer família.
Apesar de todas as dificuldades são possíveis as boas
práticas que merecem divulgação e reconhecimento.
Do meu ponto de vista, tantas vezes aqui afirmado, a questão
central será a valorização da escola pública. Esta valorização deverá assentar
em quatro eixos fundamentais, a qualidade considerando resultados, desburocratização
de processos, autonomia e gestão optimizada de recursos, segundo eixo, a
promoção de um projecto sólido de promoção de qualidade para todos, a melhor
forma de combater os mecanismos de exclusão e a desigualdade de entrada,
terceiro eixo, diferenciação de metodologias, diferenciação progressiva e não
prematura dos percursos de educação e formação para responder à diversidade dos
alunos e, quarto eixo, dispositivos de apoio oportunos, suficientes e
competentes às dificuldades de alunos e professores.
Este entendimento, do meu ponto de vista, não carece de uma
cansativa retórica em torna da inovação e, muito menos, da revolução sempre
anunciada nas nossas escolas com novos paradigmas alimentada por uma nuvem de
iniciativas e projectos que muitas vezes não têm grande potencial de mudança e
alimentam pequenas ou grandes agendas.
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