Era uma vez um rapaz chamado Jaime que não gostava muito de si.
O Jaime olhava para os seus colegas e pensava que nunca
seria tão bom nem tão conhecido na escola pelas notas altas como a Joana, uma
excelente aluna.
O Jaime olhava para os seus colegas e pensava que nunca
seria tão bom jogador de futebol e até de basquetebol como o Mário que era o
melhor da escola a praticar desporto.
O Jaime olhava para os seus colegas e pensava que nunca
seria tão bom a tocar guitarra como o Fábio que até estava a pensar ter uma
banda quando ficasse mais velho.
O Jaime olhava para os seus colegas e pensava que nunca as
raparigas gostariam tanto de si como do João.
Quanto mais olhava para os seus colegas mais pensava que não
gostava de si, não era bom a fazer nada.
O Jaime ia andando com estes pensamentos na cabeça e de
mansinho começou a tentar resolver estas inquietações. Quase sem se dar conta
algumas coisas foram mudando, e muito, achavam as pessoas.
Um dia, ao olhar para os seus colegas pensava que nenhum
deles se portava pior nas aulas do que ele, era mesmo bom nisso.
O Jaime, ao olhar para os seus colegas, pensava que nenhum
deles aborrecia tanto os professores como ele, era mesmo bom nisso.
O Jaime, ao olhar para os seus colegas, pensava que nenhum
era tantas vezes chamado ao director da escola como ele, era mesmo bom nisso.
O Jaime, ao olhar para os seus colegas, pensava que nenhum
deles tinha tantas faltas, de atraso, de material, de indisciplina, como ele,
era mesmo bom nisso.
Assim, finalmente, o Jaime pensou, "Já sou bom, um dos
melhores".
E continuou infeliz, como sempre foi.
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