domingo, 29 de maio de 2022

A MAÇÃ É BOA, TEM BICHO

Nos últimos dias surgiu na imprensa a referência a que maçãs e pêras produzidas em Portugal estão no 2º lugar na maior proporção de fruta contaminada. O estudo foi desenvolvido em 2019 pela "Pesticide Action Network", uma rede de mais de 600 organizações não governamentais, instituições e cidadãos de mais de 60 países, que combate os efeitos negativos dos pesticidas perigosos e promove alternativas mais amigáveis e ecológicas.

Os resultados divulgados referem que em 85% das pêras portuguesas e em 58% de todas as maçãs testadas foi encontrada contaminação por pesticidas perigosos.

Organizações ligadas à agricultura e a Ministra da tutela já vieram “desdramatizar” a notícia, desvalorizam o estudo e sublinham a qualidade da nossa fruta.

Esta leitura recordou-me um episódio passado lá no Alentejo. Num daqueles encontros com petiscos, lérias e cante, um dos companheiros afirmou que só comia fruta que tinha bicho, "é a que presta".

Perante a nossa estranheza explicou, "essa fruta que se vê aí grande e a brilhar e sem bicho não presta, está carregada de “cobertura”. Então nem o bicho lhe pega e vou eu comê-la? Isso é que era bom, se a fruta não é boa para o bicho, é boa para mim?".

Sendo certo que os olhos também comem, o embrulho nem sempre corresponde ao conteúdo.

Eu também prefiro a fruta lá do Monte, mesmo que tenha umas “imperfeições”, falta de calibre ou não pareça que foi “engraxada”.


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