Naquela família era a figura mais importante, desde há muitos anos. Talvez fosse do hábito ou da idade, mas todas as pessoas da casa a respeitavam e tratavam de forma simpática.
Sempre que falava e fazia-o o tempo todo, as pessoas
guardavam um silêncio respeitoso e ficavam muito tempo a admirar aquela figura.
Davam-lhe uma importância enorme. Acreditavam em tudo o que
a figura afirmava e o que sabiam aprendiam com ela que, aliás, ensinava imensas
coisas e sobre as mais variadas matérias.
Os mais pequenos da família eram completamente absorvidos
pela figura, adoravam-na, ficavam horas a ouvi-la, às vezes até adormeciam.
Os mais velhos também não dispensavam porque aquela figura
era tão preocupada que tinha algumas conversas mais adequadas à sua idade.
Enfim, quase se podia dizer que a vida da família se
organizava em torno daquela figura.
Digo quase, por que uma das pessoas da casa, o Miguel, rapaz
de uns catorze anos, não podia com aquela figura. Precisava de alguma atenção e
ninguém parecia disponível para conversar com ele. Assim, fechava-se no quarto
e só lhe dava vontade de se ver livre daquela figura, de dar cabo dela, daquele ecrã que enchia a casa.
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