domingo, 15 de maio de 2022

OS EFEITOS TERAPÊUTICOS

 De há uns anos para cá têm surgido referências ao bem-estar, ao efeito terapêutico, até quase ao nível do milagre, que muitíssimas fontes nos podem proporcionar e aos mais variados níveis. Muitas vezes estas referências são sustentadas por uma afirmada base científica.

Multiplicam-se as chamadas de atenção para múltiplas actividades de natureza mais ou menos sofisticada ou com proveniência mais ou menos exótica que fazem bem a tudo e mais alguma coisa. 

Descobrem-se e publicitam-se as inúmeras propriedades terapêuticas ou, mais simplesmente, promotoras de bem-estar de mil e uma plantas ou produtos mais ou menos sofisticados e com as mais diversas origens.

Apregoam-se a os efeitos extraordinários de aromas e objectos.

Todos os dias conhecemos novas propostas à nossa disposição em requintados espaços que criam um menu infindável de cuidados com lamas e águas e uma combinação inesgotável de soluções que nos transformam noutros seres.

Dizem-nos que os animais têm uma enorme capacidade de nos fazer sentir melhor em múltiplos aspectos e a escola é variada.

Uma primeira nota que ao ir constatando tamanha oferta sempre me ocorre e me faz pensar, é sobre o que temos vindo a fazer dos nossos estilos de vida que nos tornou permeáveis e instalou em nós a necessidade de nos envolvermos e nos convencermos de que tudo isto, no todo ou em parte, é A solução, seja para o que for. Importa que, para além de eventuais efeitos terapêuticos, se considere o efeito placebo e o peso do marketing.

Uma outra nota que me parece importante, independentemente do recurso a tal oferta, é não esquecer o papel das pessoas no nosso bem-estar. Tendemos a viver cada vez mais isolados ainda que escondidos na imensidade das redes sociais com inúmeros amigos. Parece importante não esquecer que o essencial do nosso bem-estar advém das relações com os outros, gostar e ser gostado, respeitar e ser respeitado, ser conhecido e reconhecido, conhecer e reconhecer, ajudar e ser ajudado, falar e escutar, estar atento e receber atenção, manter a dignidade e proteger a dignidade dos outros, etc.

O resto, desculpem lá, em boa parte tratar-se-á de ocupação de tempos livres, com melhor ou pior qualidade.

Sem comentários: