sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

UMA GERAÇÃO DE RISCO

 A Fenprof realizou em Novembro um inquérito online a que responderam mais de cinco mil educadores de infância e professores do ensino básico e secundário de todo o país.

Apesar da prudência necessária alguns indicadores merecem atenção e, sobretudo, acção.

Vejamos, 92.6% entendem que as circunstâncias em que estão a funcionar têm impacto nos processos de ensino e aprendizagem.

Apenas um exemplo, de natureza pessoal, hoje fui contactado por uma mãe de um aluno de uma escola de 2.º e 3.º ciclo da minha zona a pedir alguma orientação face à situação de vários alunos que estão em casa por razões de isolamento sem qualquer tipo de apoio e a escola afirma que não consegue fazer diferente.

Considerando esta situação, 77,4% consideram que sem mais recursos se torna muito difícil assegurar o acompanhamento de alunos que estão afastados das aulas temporariamente.

Uma outra referência, 54.1%, referem a dificuldade de disponibilizar recursos para o apoio adequado para responder às necessidades dos alunos e às dificuldades ainda instaladas decorrentes da forma como decorreu o ano lectivo passado.

Sei que na situação que atravessamos a questão dos recursos é uma questão complexa e que não existem soluções milagrosas. No entanto, as políticas públicas traduzem opções e devem considerar impactos e prioridades.

Corremos o risco de ter muitos alunos, sobretudo, entre os mais novos, com o seu trajecto educativo ameaçado e com o risco de que a cada dia que passa a recuperação ficar mais difícil.

Já aqui tenho referido na possibilidade aproveitar, como se refere na peça do Expresso, o apoio dado à distância por docentes que integram grupos de risco, de tornar os horários incompletos em horários completos para disponibilizar mais apoio a alunos.

Importa ainda não esquecer a composição etária da classe docente e o nível de cansaço e exaustão que diferentes estudos referem.

Não podemos mesmo correr o risco de termos uma geração comprometida.

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