A Fenprof realizou em Novembro um inquérito online a que responderam mais de cinco mil educadores de infância e professores do ensino básico e secundário de todo o país.
Apesar da prudência necessária alguns indicadores merecem atenção e, sobretudo, acção.
Vejamos, 92.6% entendem que as
circunstâncias em que estão a funcionar têm impacto nos processos de ensino e
aprendizagem.
Apenas um exemplo, de natureza
pessoal, hoje fui contactado por uma mãe de um aluno de uma escola de 2.º e 3.º
ciclo da minha zona a pedir alguma orientação face à situação de vários alunos
que estão em casa por razões de isolamento sem qualquer tipo de apoio e a
escola afirma que não consegue fazer diferente.
Considerando esta situação, 77,4% consideram que sem mais recursos se torna muito difícil assegurar o acompanhamento de alunos que estão afastados das aulas temporariamente.
Uma outra referência, 54.1%, referem a dificuldade de disponibilizar recursos para o apoio adequado para responder às necessidades dos alunos e às dificuldades
ainda instaladas decorrentes da forma como decorreu o ano lectivo passado.
Sei que na situação que
atravessamos a questão dos recursos é uma questão complexa e que não existem
soluções milagrosas. No entanto, as políticas públicas traduzem opções e devem
considerar impactos e prioridades.
Corremos o risco de ter muitos
alunos, sobretudo, entre os mais novos, com o seu trajecto educativo ameaçado e
com o risco de que a cada dia que passa a recuperação ficar mais difícil.
Já aqui tenho referido na
possibilidade aproveitar, como se refere na peça do Expresso, o apoio dado à
distância por docentes que integram grupos de risco, de tornar os horários
incompletos em horários completos para disponibilizar mais apoio a alunos.
Importa ainda não esquecer a composição
etária da classe docente e o nível de cansaço e exaustão que diferentes estudos
referem.
Não podemos mesmo correr o risco
de termos uma geração comprometida.
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