Segundo a imprensa de hoje, a designada
Escola Digital está a sentir problemas de velocidade e acesso, ou seja, os
prometidos computadores para alunos e escolas estão a chegar “a conta-gotas”, devagarinho,
e, portanto, muitos alunos e escolas continuam sem acesso em condições de
eficiência e equidade ao grande desígnio da Transição Digital. Sim, já sei, é
difícil fazer tudo de uma vez, é mais fácil prometer, mas o optimismo excessivo,
além de irritante, não é amigável para quem espera, necessita e desespera.
Ao que se lê no JN e no Expresso,
o ME garante que a entrega dos primeiros 100 mil equipamentos será concluída até ao final
do primeiro período o que, obviamente, é uma boa notícia dado que as aulas
acabam hoje.
Ainda segundo o ME e com
aquisição já adjudicada, até final do segundo período chegarão "mais 260
mil computadores".
Os Directores escolares sublinham
a lentidão e burocratização do processo para além da dificuldade sentida pelas
escolas em preparar os computadores recebidos para os entregar os alunos.
Para enquadrar o que estes
atrasos e dificuldades representam na promoção de uma “Escola Digital”, seja lá
isso o que for, recupero o relatório "Recursos Tecnológicos nas
Escolas" divulgado em Julho pela Direcção-Geral de Estatística de Educação
e Ciência caracteriza os recursos informáticos de escolas e agrupamentos
considerando o ano lectivo 18/19.
Em síntese e considerando o uso
pedagógico dos equipamentos existe um computador para cada cinco alunos. Este
rácio tem aumentado nos últimos anos e, sem surpresa, é mais elevado no ensino
público.
Este indicador varia com os
níveis e ciclos de ensino, no secundário é de 3.1 alunos por computador e no 1º
ciclo é de 6 alunos para cada equipamento.
Acresce que só 16% dos computadores
foram adquiridos nos últimos três anos o que num universo de evolução tão
rápida como é a informática acentua a “velhice” e limitações do parque
informático disponível para o trabalho de alunos e professores.
Se a este cenário juntarmos as
dificuldades verificadas em muitos agregados familiares na existência deste
tipo de recursos como se verificou no ano lectivo passado percebe-se a urgência
e a seriedade deste problema.
Está em causa, como sempre, a
equidade e igualdade de oportunidades a processos educativos de qualidade e com
potencial de sucesso.
Não é coisa pouca.
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