sexta-feira, 24 de julho de 2020

DÚVIDAS


Nas “Orientações para a organização do ano letivo 2020/2021” produzidas pela DGEstE reafirma-se a intenção de que dentro das condições em matéria de saúde pública os alunos do 1º e 2º ciclo e os alunos com necessidades especiais devem ter actividades em regime presencial.
Parece adequada a orientação pois os níveis de autonomia e necessidades dos alunos mais novos e a importância dos apoios específicos dos alunos com necessidades especiais são mais exigentes na necessidade de trabalho presencial como se verificou no terceiro período.
Por outro e como há pouco tempo aqui escrevi, não fica claro o que significará em termos reais o anunciado aumento de 25% no crédito horário das escolas quando nas Orientações da DGEstE se afirma que o reforço do crédito horário é “exclusivamente utilizado para a recuperação e consolidação das aprendizagens, nomeadamente através do apoio educativo e coadjuvação de aulas” e que “as primeiras cinco semanas destinam-se à recuperação e consolidação das aprendizagens, identificadas em função do trabalho realizado com cada aluno no ano letivo 2019/2020”.
Continuo com dúvidas sobre a definição das cinco semanas como tempo de recuperação e consolidação de aprendizagens. Considerando a diversidade de situações no número e na tipologia aconselham a que sejam as escolas a avaliar as necessidades e com os recursos necessários definir planos e dispositivos de apoio que dificilmente creio que possam “caber” nas primeiras cinco semanas lectivas.
Também não compreendo o alcance de “Cada agrupamento de escolas ou escola não agrupada terá um crédito horário adicional de até duas horas letivas semanais, destinado exclusivamente à EMAEI.” Qual o impacto real desta medida face aos problemas e constrangimentos identificados nos últimos meses nas escolas e, em particular, envolvendo os alunos com necessidades específicas.
Professores e direcções têm expressado preocupações com os recursos disponíveis nas escolas no início do lectivo.
Foram anunciados 125 milhões de euros destinados à contratação de “mais professores, pessoal não docente e técnicos especializados”, como psicólogos e “assistentes sociais e mediadores”. Ao que se afirma serão contratados mais 500 assistentes operacionais e 200 assistentes.
Estarão nas escolas no início de Setembro a tempo de se envolverem na preparação das actividades ou quando elas se iniciarem?
Parece positiva a aposta no reforço do programa de apoio tutorial específico alargando-o ao secundário e aos alunos que chumbara neste ano lectivo mesmo que seja a primeira retenção. Como será operacionalizado? Triplicará a resposta como foi anunciado?
O início do ano lectivo está a um mês e meio e, para além das questões de saúde pública e da contenção de riscos nas comunidades escolares, as dúvidas e receios de professores e direcções e das famílias são ainda muitas, sobretudo no que respeita a recursos adequados e suficientes.


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