Nas “Orientações para a organização do ano letivo 2020/2021” produzidas
pela DGEstE reafirma-se a intenção de que dentro das condições em matéria de
saúde pública os alunos do 1º e 2º ciclo e os alunos com necessidades especiais
devem ter actividades em regime presencial.
Parece adequada a orientação pois
os níveis de autonomia e necessidades dos alunos mais novos e a importância dos
apoios específicos dos alunos com necessidades especiais são mais exigentes na
necessidade de trabalho presencial como se verificou no terceiro período.
Por outro e como há pouco tempo
aqui escrevi, não fica claro o que significará em termos reais o anunciado
aumento de 25% no crédito horário das escolas quando nas Orientações da DGEstE
se afirma que o reforço do crédito horário é “exclusivamente utilizado para a recuperação e consolidação das
aprendizagens, nomeadamente através do apoio educativo e coadjuvação de aulas”
e que “as primeiras cinco semanas
destinam-se à recuperação e consolidação das aprendizagens, identificadas em
função do trabalho realizado com cada aluno no ano letivo 2019/2020”.
Continuo com dúvidas sobre a
definição das cinco semanas como tempo de recuperação e consolidação de
aprendizagens. Considerando a diversidade de situações no número e na tipologia
aconselham a que sejam as escolas a avaliar as necessidades e com os recursos
necessários definir planos e dispositivos de apoio que dificilmente creio que
possam “caber” nas primeiras cinco semanas lectivas.
Também não compreendo o alcance de
“Cada agrupamento de escolas ou escola
não agrupada terá um crédito horário adicional de até duas horas letivas
semanais, destinado exclusivamente à EMAEI.” Qual o impacto real desta
medida face aos problemas e constrangimentos identificados nos últimos meses
nas escolas e, em particular, envolvendo os alunos com necessidades
específicas.
Professores e direcções têm
expressado preocupações com os recursos disponíveis nas escolas no início do
lectivo.
Foram anunciados 125 milhões de
euros destinados à contratação de “mais professores, pessoal não docente e
técnicos especializados”, como psicólogos e “assistentes sociais e mediadores”.
Ao que se afirma serão contratados mais 500 assistentes operacionais e 200
assistentes.
Estarão nas escolas no início de
Setembro a tempo de se envolverem na preparação das actividades ou quando elas
se iniciarem?
Parece positiva a aposta no
reforço do programa de apoio tutorial específico alargando-o ao secundário e
aos alunos que chumbara neste ano lectivo mesmo que seja a primeira retenção.
Como será operacionalizado? Triplicará a resposta como foi anunciado?
O início do ano lectivo está a um
mês e meio e, para além das questões de saúde pública e da contenção de riscos nas comunidades escolares, as dúvidas e receios de professores e direcções e das famílias são ainda muitas, sobretudo no que respeita a
recursos adequados e suficientes.
Sem comentários:
Enviar um comentário