quinta-feira, 30 de julho de 2020

DA ESCOLA DIGITAL


O relatório "Recursos Tecnológicos nas Escolasdivulgado há dias pela Direcção-Geral de Estatística de Educação e Ciência caracteriza os recursos informáticos de escolas e agrupamentos considerando o ano lectivo 18/19.
Numa altura em que se configura a forte probabilidade de no próximo ano lectivo se manter a realização de aulas através de recursos digitais para além da sua necessidade em qualquer circunstância, os dados são preocupantes e tanto mais preocupantes quando falta mês e meio para o seu início e estamos num período de férias.
Em síntese e considerando o uso pedagógico dos equipamentos existe um computador para cada cinco alunos. Este rácio tem aumentado nos últimos anos e é mais elevado no ensino público.
Este rácio varia com os níveis e ciclos de ensino, no secundário é de 3.1 alunos por computador e no 1º ciclo é de 6 alunos para cada equipamento.
Acresce que só 16% dos computadores foram adquiridos nos últimos três anos o que num universo de evolução tão rápida como é a informática acentua a “velhice” e limitações do parque informático disponível para o trabalho de alunos e professores.
Se a este cenário juntarmos as dificuldades verificadas em muitos agregados familiares na existência deste tipo de recursos como se verificou no ano lectivo que agora termina percebe-se a urgência e a seriedade deste problema.
Sabe-se que o Programa de Estabilização Económica e Social prevê uma dotação de 400 milhões de euros destinados à aquisição de computadores e ligação à Internet para as escolas públicas, a incrementar a transição digital como lhe chamam.
Foi ainda divulgado que a iniciativa Escola Digital, para além da compra de computadores e de serviços de ligação à internet para escolas e alunos, tem ainda como objectivos desenvolver a “capacitação digital dos docentes” e a desmaterialização dos manuais escolares.
Numa primeira fase serão os alunos abrangidos pela Acção Social Escolar.
Numa altura em que as incertezas sobre como se iniciará o próximo ano lectivo, cujo arranque está a menos de dois meses, são muitas as escolas preparam a possibilidade de recorrer mesmo que parcialmente a ensino não presencial pelo que a aposta em recursos digitais vai no caminho certo.
Não possuo dados que me permitam a avaliar da suficiência da verba, mas considerando que se destina à aquisição de equipamentos e dispositivos de acesso à net para milhares de alunos e, certamente dezenas ou centenas de escolas, à promoção da “capacitação digital dos docentes” e a ainda à desmaterialização dos manuais, me pareça claramente aquém das necessidades para resposta imediata aos milhares de alunos que ficaram mais distantes das escolas no ano lectivo que agora termina.
A desejada e promovida “Escola Digital” exige recursos e em tempo oportuno sob pena de se alimentar desigualdade e risco de exclusão.
Mas ainda falta imenso tempo até ao regresso às aulas, não precisamos de ter pressa que, como sabem, é inimiga da perfeição.


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