A narrativa em torno do Montepio
e da liderança manhosa de Tomás Correia que se recandidata sustentado por figuras
públicas conhecidas e o que se vai ouvindo, sabendo e afirmando relativamente
aos padrões de comportamento ético de muitos deputados segue em modo “cada
cavadela, cada minhoca”.
A roda livre de impunidade e
incumprimento dos mais elementares princípios éticos quando não da lei,
produziu nas últimas décadas uma família alargada que, à sombra dos aparelhos
partidários e através de percursos políticos, se movimentam num tráfego intenso
entre cargos, entidades e empresas públicas e entidades privadas, promovendo
frequentemente negócios que nos insultam e, frequentemente, empobrecem.
Esta família alargada envolve
gente de vários quadrantes sociais e políticos com uma característica comum, os
negócios, alguns obscuros, de natureza multifacetada e de escala variável,
desde o jeitinho para o emprego para o amigo até aos negócios de muitos
milhões.
Acontece ainda e isto tem tido
efeitos devastadores que muitos dos negócios que esta família vai realizando
envolve com frequência dinheiros públicos e com pesados encargos para os
contribuintes.
Esta família conta ainda com a
cooperação de um sistema de justiça talhado à sua medida pelo que raramente se
assiste a alguma consequência significativa decorrente dos negócios da família.
Curiosamente mas sem surpresa, todos os membros desta família, destes grupos,
quando questionados sobre os seus negócios ou envolvimento em algo, afirmam,
invariavelmente que tudo é feito tudo dentro da lei, nada de incorrecto e,
portanto, estão sempre de consciência tranquila.
Alguém poderia explicar a esta
gente que, primeiro, não somos parvos e, segundo, o que quer dizer consciência.
No que diz respeito aos deputados,
se existe em Portugal uma marca característica da nossa vida política é a baixa
confiança que o cidadão comum tem na classe política quando comparada com
outros grupos. Se atentarmos em sucessivos e recentes trabalhos percebe-se que
a classe é regularmente das que merece menos confiança e credibilidade.
É verdade que a classe, em
Portugal mais conhecida pelos “gajos”, bem se esforça para não perder esse
privilégio, a mais absoluta falta de confiança dos seus concidadãos,
estranhamente, os seus eleitores. De entre os “gajos”, o povo tem especial
apreço pelas virtudes dos deputados, trabalhadores, intervenientes, uma vida de
sacrifícios, horários arrasadores, artroses e problemas de coluna de tanto
levantar e sentar para intervenções e de se dobrar face à orientação do líder e
problemas nos dedos de tanto carregar nos botões e nas teclados, problemas das
cordas vocais pelas frequentes intervenções que todos fazem, reformas
miseráveis, insultos dos colegas de outras bancadas, etc., etc. Existem
evidentemente em todas as bancadas alguns “gajos” que são percebidos como não
sendo como os outros “gajos” mas … alguém vira sempre dizer, “os gajos” são
todos iguais.
A questão inquietante é que tudo
isto ameaça seriamente a saúde da nossa democracia e fomenta a emergência de
discursos populistas e de perigosas propostas de solução..
Assim vão os dias desta pantanosa pátria nossa
amada.
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