Estamos em plena época de
formalização da avaliação escolar do primeiro período.
A avaliação de desempenho é
sempre uma matéria complexa pelo que também na educação escolar tal se
verifica.
São sempre mais as dúvidas que as
certezas sobre o que avaliar, o que medir, com que critérios, com que normas,
com que grau de diferenciação, com que dispositivos, etc.
Quando consideramos a diversidade
dos alunos incluindo os que têm necessidades especiais a situação torna-se ainda
mais exigente.
O novo quadro legal em matéria de
educação inclusiva tem como visão, bem como já tenho escrito, considerar a
todos os alunos e não os que por algum tipo de justificação se consideravam ter
alunos com necessidades educativas especiais embora seja de não esquecer num excesso
de voluntarismo que as dificuldades severas que alguns alunos sentem são … específicas
e devem ser consideradas como tal, não podendo ser “normalizado” o olhar sobre
eles sob pena de conduzir à exclusão mesmo colocados nas salas com os seus
colegas.
Este entendimento, do meu ponto
de vista, torna o processo de avaliação ainda mais complexo, pois o
enquadramento dos alunos nas várias tipologias de medidas (ainda uma forma de
categorização continua presente, em diferentes alíneas envolvendo diversas
estruturas curriculares torna ainda mais complexo o processo de avaliação e
classificação.
É claro para todos que avaliar
não é medir mas também é medir e classificar pois as decisões em matéria de
progressão e intervenção decorrem de todo o processo de avaliação nas suas
múltiplas funções.
Os testemunhos conhecidos em
vários espaços e de diferentes formas sobre o que vai acontecendo pelas escolas
nesta matéria ilustram com muita clareza a enorme sombra de dúvidas sobre o
processo que mostram todos os intervenientes, professores do ensino regular,
docentes de educação especial, técnicos e pais que estão genuinamente empenhados
em que todo corra o melhor possível.
Às dúvidas, muitas, surgem
respostas que com frequência começam por “eu acho …”, “nós decidimos …”, “na
minha escola”, “no meu grupo …”, etc.
Eu sei que todos os processos de
mudança estão sujeitos a dúvidas e sobressaltos. Também sei, como tantas vezes
disse, que era necessário alterar o quadro anterior. Também sei que o actual
quadro legislativo é conceptualmente e em termos de visão um ganho substantivo.
No entanto, continuo a entender
que o processo de mudança ganharia se fosse desenvolvido assente num processo
de transição regulada e apoiada nas escolas e agrupamentos.
Já tenho escrito que nem sempre
se consegue “fazer as coisas certas e fazer certas as coisas”. Como se diz na
frase atribuída a Bismarck “A política é a arte do possível” também na educação
se passa o mesmo, é arte do possível. Felizmente, a esmagadora maioria dos profissionais
da educação tornam-na diariamente possível. Os alunos agradecem e sentem-se
melhor.
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