Contrariamente ao que se passa
com polémicas, muitas vezes inconsequentes, ou com problemas conhecidos, as
boas notícias em educação têm quase sempre uma divulgação discreta. Trata-se,
provavelmente, de uma questão cultural e/ou de uma questão de gestão de interesses
e agendas.
Segundo dados do Eurostat ontem
divulgados, em 2017 a taxa de abandono escolar precoce entre os 18 e os 24,
quem não passa do 3º ciclo do básico e não acede a formação profissional,
situa-se nos 12.6%. Se reportarmos a 2006 a taxa era 38.5%, um salto notável. A
média na Europa foi de 10.6% e como se sabe está definido pela UE que em 2020 a
taxa seja de 10% que parece pouco provável que consigamos. Veremos.
Por outro lado, no que respeita à
qualificação de nível superior, para o intervalo 30-34 anos, em 2017 atingimos um
patamar de 33.5% que pode ser comparado como 12.9% em 2002 o que também evidencia um progresso significativo. Regista-se que a meta
para 2020 seria 40% e a média europeia em 2017 foi de 39.9%, portanto, em
cima do objectivo que para nós parece inatingível. Sublinhe-se que as mulheres têm taxas médias de qualificação superiores aos homens e também taxas inferiores de abandono escolar.
Uma primeira nota para registar a
evolução positiva, realçar o trabalho de alunos, professores, escolas e
famílias e estranhar que não se tenha já desencadeado a habitual luta pela
paternidade dos resultados positivos com diferentes figuras e entidades a
“chegarem-se à frente” para aparecerem na fotografia.
A segunda nota para relembrar o
pesado caderno de encargos que ainda continuamos a ter pela frente, continuar a
combater o abandono e a exclusão, quase sempre a primeira etapa da exclusão
social, promover a qualificação, um bem de primeira necessidade e combater as
desigualdades criando efectivos dispositivos de mobilidade social em que a
escola faz a diferença e pode ajudar a contrariar o destino.
Só assim se promove a construção
de projectos de vida viáveis e proporcionadores de realização pessoal e base do
desenvolvimento das comunidades.
Neste caminho temos duas vias que
se complementam e de igual importância, a prevenção do insucesso que leva ao
abandono e a recuperação para trajectos de formação e qualificação da população
que entretanto já abandonou.
Esperemos que algumas mudanças em
curso e, sobretudo, a existência de dispositivos de apoio competentes e
suficientes às dificuldades de alunos e professores, possam contribuir para a
minimização do insucesso.
No que respeita à recuperação dos
jovens que já abandonaram espero que a oferta de trajectos diferenciados de
formação e qualificação ou iniciativas em desenvolvimento como o programa
Qualifica, sucessor do Novas Oportunidades, ou os anunciados no âmbito do
ensino superior tenha os meios necessários e resistam à tentação do trabalho
para a “estatística”, confundindo certificar com qualificar.
Merecemos e precisamos de mais e
melhor sucesso e qualificação e menos abandono e exclusão.
Sem comentários:
Enviar um comentário