Era uma vez dois Rapazes que não
acompanhavam o ritmo. Nunca se sabe muito bem qual é o ritmo, deve entender-se
que seria o ritmo dos outros rapazes, mas eles não acompanhavam o ritmo.
Desde pequeno que achavam que o
ritmo do Primeiro Rapaz era diferente e por várias razões, ou porque mostrava
algumas habilidades antes do que esperavam ou, pelo contrário, depois do que
esperavam. Na escola continuou a mostrar-se não conforme os outros, falava a
destempo, comportava-se, por vezes, de forma estranha, não porque fosse
indisciplinado, mas discutia com frequência sobre as matérias e notícias
utilizando uma argumentação e ideias que não pareciam ajustadas à idade. Tinha
interesses não muito habituais no seu grupo, tinha, por exemplo, uma paixão por
fotografia. No final da adolescência, no tempo das escolhas, decidiu-se por
estudar arquitectura e desenvolveu outra paixão, enamorou-se por uma bailarina.
O Primeiro Rapaz que não acompanhava o ritmo acabou por se tornar num fotógrafo
de reconhecidos méritos, o mais sublinhado dos quais foi a inovação.
O Segundo Rapaz que não
acompanhava o ritmo teve uma história que começou da mesma maneira que a do
Primeiro Rapaz mas foi mais breve. Por não acompanhar o ritmo acabou por sair
da escola ainda adolescente, entrou no alucinado ritmo da vida na rua e ainda e
sempre sem acompanhar o ritmo morreu num acidente depois de um assalto que
correu mal.
É sempre complicada a narrativa
dos rapazes que não acompanham o ritmo, umas vezes acaba bem, outras, nem tanto.
2 comentários:
Obrigado, meu amigo!
Abraço companheiro, José Pacheco!
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