segunda-feira, 9 de março de 2009

É BONITO MAS É (QUASE) NADA

No seu Roteiro para a Inclusão o Presidente da República vem fazer apelo ao diálogo entre empresas e trabalhadores. Muito bem, um diálogozinho mais nunca faz mal, antes pelo contrário. O problema é que isto, em termos práticos, é nada. Lembro-me daqueles pais voluntaristas que quando os seus rebentos se aborrecem com os amigos e se engalfinham, acorrem, aconselhando numa espécie de educação para a santidade, “temos que ser amiguinhos”. Não, não temos que ser “amiguinhos”, temos que pautar as nossas relações por princípios de equilíbrio e respeito, amiguinhos ou não.
Em tempos de grave crise, cuja maior consequência é o desemprego, temos, sobretudo, de perceber se os dispositivos de apoio são suficientes e, isto é que me parece fundamental, se são correctamente utilizados, quer pelas instituições, empresas por exemplo, quer pelas pessoas. Temos de nos assegurar que, com a desculpa da crise, não se verifiquem abusos que promovam desemprego injustificado e selvagem. Temos de assumir discursos realistas, por parte de estruturas sindicais, por exemplo, que sejam verdadeiramente defensoras dos trabalhadores e dos postos de trabalho. Temos, enfim, de definir políticas claras, transparentes e eficazes que protejam, de facto, as pequenas e médias empresas que, como é sabido, asseguram a grande maioria dos postos de trabalho em Portugal.
A retórica do diálogo, é bonita, mas é nada.

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