quinta-feira, 26 de março de 2009

UM HOMEM CHAMADO COMIGO NÃO

Era uma vez um homem chamado Comigo Não. Era uma pessoa com um funcionamento muito curioso. Nada do que pudesse constituir um problema ou um embaraço para alguém o Comigo Não aceitava que pudesse incomodá-lo a ele. Ouvia as outras pessoas queixar-se de alguma dificuldade e logo afirmava Comigo Não, eu resolvo bem esse problema. Este discurso de quem não sentia problemas ou dificuldade porque nada o afectava e tudo resolvia, levou a que, pouco a pouco, as pessoas se fossem afastando do Comigo Não. De início estranhou o afastamento mas depois habituou-se a pensar que, obviamente, alguém como ele sem problemas e com capacidade para resolver qualquer dificuldade seria sempre uma pessoa superior com a qual as pessoas mais simples não teriam uma relação fácil. Assumiu, assim, que ficar só era o preço a pagar pela sua superioridade. O problema é que a solidão é algo tão pesado que nem uma pessoa superior consegue suportar facilmente e o Comigo Não procurou aproximar-se, de novo, das pessoas que se tinham afastado e agora já com um discurso mais humilde como se o seu nome tivesse passado para Eu Preciso.
Ficou desolado e triste quando percebeu que as pessoas de quem se tentava aproximar lhe diziam como sempre, Comigo Não.

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