segunda-feira, 16 de março de 2009

MARGENS VIOLENTAS

Cada vez que vejo notícias que envolvem delinquência e pré-delinquência de adolescentes e jovens lembro-me da famosa citação de Brecht “Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem”. Esta ideia não tem como objectivo branquear ou desculpar os comportamentos delinquentes, mas entender a sua existência.
Muitos adolescentes, sobretudo em períodos mais tensos do ponto de vista social, como estamos a viver, por exemplo, vivem com margens muito apertadas. Vejamos alguns exemplos, se alguém os inquirir sobre o que pensam ser o seu futuro, o seu projecto de vida, muito provavelmente obterá uma resposta vazia, ou seja, não têm projecto de vida, não têm ideia de futuro, trata-se assim de viver o presente e apenas o presente. A adolescência é uma fase fundamental na construção da identidade. Certo, que identidades estão muitos destes jovens a construir? Revêem-se nelas? Ou sentem-se meio perdidos num mundo em que não sentem caber e encostam-se aos que estão tão perdidos quanto eles. Que referências sustentam muitos destes jovens, o lado positivo? Os modelos adequados? Ou os modelos fornecidos por quem, como eles, vive o presente à pressa cheio de medo do futuro, procurando chegar a tudo antes que se acabe a oportunidade?
No meio disto tudo tenho uma certeza, prendê-los não chega.

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