Não sei exactamente porque razão, mas estava recordar-me das minhas deambulações por Moçambique, designadamente por Inhambane de que já referi algumas experiências neste espaço.
Nas três semanas que lá passei, estive alojado numa casa com um anjo da guarda, o Sr. Bata que zelava pelo meu bem-estar, aliás, a minha primeira dificuldade foi convencê-lo que conseguia ir trabalhar sem “matabichar” um bife com batatas fritas, salada e ovo às seis e trinta da manhã. Consegui, não sem alguma luta que o “mata-bicho” se transformasse em fruta e chá, embora ele não se mostrasse muito convencido de que aquilo era alimento suficiente para um XXL. Mas a história de hoje remete para o hábito fantástico que o Sr. Bata tinha de encontrar expressões surpreendentes para demonstrar uma apreciação superlativa sobre qualquer coisa, por exemplo a sua velhice traduzia-se nas rugas bem vincadas que, dizia, significavam sabedoria, sendo que cada ruga era mais ou menos o saber de uma bíblia. Uma vez, logo no princípio da estadia, perguntei-lhe se sabia ler, respondeu, quase ofendido, que o fazia muito bem indo mesmo “até à última letra”. Na mesma linha, perguntei-lhe se sabia escrever e a resposta foi ainda mais curiosa. O Sr. Bata com um sorriso de orgulho de orelha a orelha, disse-me “escrevo tão bem como se fosse com uma Parker”. Fiquei surpreso e, por coincidência tinha uma esferográfica Parker que fazia companhia a uma de tinta permanente, o meu utensílio de escrita habitual pelo que lhe dei a esferográfica, para, finalmente, o Sr. Bata escrever com uma Parker. Ainda me lembro dos olhos dele, parecia que olhava para algo de sagrado e, para espanto, levantou-se, estávamos de conversa na rua à noite, foi para a sala e pendurou a Parker num prego onde estava um “quadro” que tirou. Enquanto lá estive e durante a correspondência que mantive com ele, sempre me foi dizendo que a Parker lá continuava pendurada na parede para poder olhar para ela. Despeço-me como ele sempre se despedia antes da deita, “tenha uma noite açucarada”.
Nas três semanas que lá passei, estive alojado numa casa com um anjo da guarda, o Sr. Bata que zelava pelo meu bem-estar, aliás, a minha primeira dificuldade foi convencê-lo que conseguia ir trabalhar sem “matabichar” um bife com batatas fritas, salada e ovo às seis e trinta da manhã. Consegui, não sem alguma luta que o “mata-bicho” se transformasse em fruta e chá, embora ele não se mostrasse muito convencido de que aquilo era alimento suficiente para um XXL. Mas a história de hoje remete para o hábito fantástico que o Sr. Bata tinha de encontrar expressões surpreendentes para demonstrar uma apreciação superlativa sobre qualquer coisa, por exemplo a sua velhice traduzia-se nas rugas bem vincadas que, dizia, significavam sabedoria, sendo que cada ruga era mais ou menos o saber de uma bíblia. Uma vez, logo no princípio da estadia, perguntei-lhe se sabia ler, respondeu, quase ofendido, que o fazia muito bem indo mesmo “até à última letra”. Na mesma linha, perguntei-lhe se sabia escrever e a resposta foi ainda mais curiosa. O Sr. Bata com um sorriso de orgulho de orelha a orelha, disse-me “escrevo tão bem como se fosse com uma Parker”. Fiquei surpreso e, por coincidência tinha uma esferográfica Parker que fazia companhia a uma de tinta permanente, o meu utensílio de escrita habitual pelo que lhe dei a esferográfica, para, finalmente, o Sr. Bata escrever com uma Parker. Ainda me lembro dos olhos dele, parecia que olhava para algo de sagrado e, para espanto, levantou-se, estávamos de conversa na rua à noite, foi para a sala e pendurou a Parker num prego onde estava um “quadro” que tirou. Enquanto lá estive e durante a correspondência que mantive com ele, sempre me foi dizendo que a Parker lá continuava pendurada na parede para poder olhar para ela. Despeço-me como ele sempre se despedia antes da deita, “tenha uma noite açucarada”.
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