quinta-feira, 26 de março de 2009

TENHO DOIS PARA VENDA MAIS UM GPS

Apesar de alguma evolução que nos permite assistir a excelentes espectáculos na área do crime económico, caso do BPP, do BPN, da SLN, das ajudas mal explicadas a especuladores bolsistas, etc., que já têm um nível comparável ao que de melhor se faz no estrangeiro, a nossa grande especialidade como país periférico e em desenvolvimento é a pequena trafulhice, o subsídio que se recebe indevidamente, o biscate, a compra sem recibo, o “favorzinho” que agiliza uma decisão ou um processo, as manhosices no mercado de trabalho, etc. Este universo é que nos é familiar e nele nos movemos bem.
Esta situação agora relatada de, ao que parece, algumas famílias venderem o Magalhães que receberam a custo zero é, apenas, mais um excelente exemplo desta capacidade de empreendimento do tipo pilha-galinhas que nos caracteriza. Devo confessar que não gosto dos discursos e comentários que numa perspectiva moralista vêm bater nestes comportamentos. Eu gosto deste jeito, criativo, cheio de xico-espertismo, de ganhar uns trocos com aquilo que nos é dado. Não gosto daquelas comunidades perfeitas, bem comportadas, que não pecam, assépticas do ponto de vista moral. Isso não é para mim.
A propósito, tenho dois Magalhães que vendo por cinquenta euros e ainda ofereço um GPS que o Cajó sacou de um carro que estava aberto e que me orientou, mas eu já tenho um muito jeitoso que troquei por uns filmes com um chavalo do meu bairro.

Sem comentários: