segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A MENINA QUE SE CHAMAVA RECEOSA

Era uma vez uma menina, chamava-se Receosa. Tinha seis anos. Parecia uma menina como as outras crianças, e era, e tinha uns pais que se pareciam com os outros pais, e eram. Explicando melhor, a menina crescia com os medos e receios com que os miúdos crescem, uns maiores, outros mais pequenos e os pais ajudavam a menina a crescer como os medos e receios com que os pais ajudam os filhos a crescer, uns maiores e outros mais pequenos. Mas houve uma altura em que os pais começaram a ter medos maiores do que era habitual e ficaram muito assustados. Por isso, a Receosa, quando viu os pais muito assustados e ouviu os seus medos passou a ter ainda mais medos e receios do que habitualmente tinha o que, como é natural, serviu para aumentar os receios dos pais. Os pais da Receosa falaram da situação ao Professor Velho, o que está na biblioteca e fala como livros, que, como é seu hábito, falando baixinho disse, “Quando encontramos os medos que estão na cabeça dos miúdos ou achamos que alguns medos os devem tornar cuidadosos, é preciso que os ajudemos a lidar com esses medos, ou seja, o que pensar, o que dizer, a quem dizer, o que fazer, o que quer dizer, etc. para eles perceberem o medo, mas não se assustarem com o medo. Se não ficam só com o medo e não sabem o que lhe fazer e aí é que se atrapalham. Os crescidos quando falam dos medos não podem parecer assustados e com muito medo, porque os pequenos, que esperam protecção e segurança dos mais velhos, vão sentir-se mais desprotegidos. No fim de tudo, é também muito importante que a Receosa aprenda a olhar para tudo o que é bonito e não faz medo, que é quase tudo, ficará mais forte”.
“Velho, isso quer dizer que podemos ajudar a Receosa a ficar com menos medo”, perguntaram os Pais. “Claro, mas primeiro fiquem vocês como menos medos e receios, mais tranquilos, ela vai sentir-se melhor”, disse o Professor Velho.

3 comentários:

Anónimo disse...

Coisa aparentemente banal, mas que por vezes é muito díficil praticar!

Resta aos pais (os quais tem mais recursos interiores), exercitar a prática que o Velho aqui menciona.

Sem medos!!!

Abraço.

Anónimo disse...

Como já disse noutro comentário,sou professora dos mais pequeno e, nos últimos anos costumo entregar aos pais, nas reuniões de avaliação, um texto de reflexão.
Permita-me que a minha próxima oferta seja o seu "A menina que se chamava receosa".

Um abraço

A.B.

Zé Morgado disse...

Cara A.B.
Diaponha
Obrigado e um abraço