Era uma vez um homem chamado Tempo. Era um tipo curioso, activo, nunca estava parado, sempre em movimento de um lado para o outro e, ainda por cima, tudo naquela terra parecia depender do Tempo, por uma razão ou por outra. As pessoas estavam sempre a olhar para o Tempo. Umas achavam que ele andava muito depressa e ficavam ansiosas. Outras, pelo contrário, entendiam que o Tempo andava muito devagar e exasperavam-se. Poucas se entendiam com o Tempo.
As dificuldades das pessoas em lidar com o Tempo foram crescendo e a situação estava cada vez mais difícil. Começaram então a pensar como se poderia resolver o problema do Tempo. Uns, mais corajosos ou sem escrúpulos, ofereceram-se para uma atitude radical, matar o Tempo. Depois de muita discussão e considerando o estado desesperado a que muitas pessoas tinham chegado na sua relação com o Tempo, a proposta foi aceite. Assim, um dia, com um tiro mataram o Tempo.
Desde esse dia, daquele minuto, nada se mexeu mais naquela terra. Ficaram livres do Tempo mas tudo e todos ficaram exactamente como estavam quando o Tempo morreu. Parados pelo Tempo que deixaram de ter.
As dificuldades das pessoas em lidar com o Tempo foram crescendo e a situação estava cada vez mais difícil. Começaram então a pensar como se poderia resolver o problema do Tempo. Uns, mais corajosos ou sem escrúpulos, ofereceram-se para uma atitude radical, matar o Tempo. Depois de muita discussão e considerando o estado desesperado a que muitas pessoas tinham chegado na sua relação com o Tempo, a proposta foi aceite. Assim, um dia, com um tiro mataram o Tempo.
Desde esse dia, daquele minuto, nada se mexeu mais naquela terra. Ficaram livres do Tempo mas tudo e todos ficaram exactamente como estavam quando o Tempo morreu. Parados pelo Tempo que deixaram de ter.
1 comentário:
Mais uma vez e agora a propósito do Tempo, não resisto a trazer aqui um extracto de "Papalagui" com as notas de Tuiavii, chefe de uma tribo de uma ilha do grupo de Samoa. Essas notas resultam da observaçao que Tuiavii fez dos costumes do homem branco, o Papalagui:
O Papalagui acima de tudo gosta de uma coisa que se não pode agarrar e que no entanto existe: o tempo. Leva-o muito a sério e conta toda a espécie de tolices acerca dele. Embora não possa haver mais tempo do que o que medeia do nascer ao pôr-do-sol, isso para o Papalagui nunca é o bastante.
O Papalagui nunca está contente com o tempo que lhe coube e censura ao Grande Espírito o não lhe ter dado mais. Chega mesmo a blasfemar contra Deus e a sua grande sabedoria, dividindo e subdividindo cada novo dia que nasce, segundo um plano bastante preciso. Corta-o como se cortaria em pedaços uma noz de coco mole com um cutelo. As várias partes têm todas elas um nome: segundo, minuto, hora. O segundo é mais pequeno que o minuto e este mais pequeno do que a hora. As horas são feitas de todos os segundos e minutos juntos, e é preciso ter sessenta minutos e muitos mais segundos para fazer uma hora.
É uma coisa muito confusa que eu na realidade nunca percebi, pois me indispõe reflectir mais do que o devido sobre coisas tão pueris. O Papalagui, contudo, faz disso toda uma ciência. Os homens, as mulheres e até mesmo as crianças que ainda mal se têm nas pernas trazem consigo, quer presa por grossas cadelas de metal que lhe pendem do pescoço, quer atada ao punho com a ajuda de uma correia de coiro, uma pequena máquina achatada e redonda onde podem ler o tempo, o que não é mesmo nada fácil. Ensinam isso às crianças encostando-lhes a máquina ao ouvido, para lhes despertar a curiosidade .
Pode-se facilmente pegar em tal máquina só com dois dedos; lá dentro tem umas máquinas parecidas com as que há no bojo dos grandes barcos que todos vós conheceis. Mas nas cabanas há outras máquinas do tempo, grandes e pesadas, e outras ainda suspensas no cimo das mais altas cabanas, para que se veja bem de longe. Quando decorreu um certo tempo, isso é-nos indicado por dois dedinhos postados na parte de fora da máquina; ao mesmo tempo que ela solta um grito e um espírito bate num ferro que há lá dentro> fazendo-o ressoar. Sim, há um barulho enorme, um formidável estrondo nas cidades europeias, ao fim de certo e determinado tempo.
Ao ouvir o barulho da máquina do tempo, queixa-se o Papalagui assim: «Que pesado fardo! mais uma hora que se passou!» E, ao dizê-lo mostra geralmente um ar triste, como alguém condenado a uma grande tragédia. No entanto, logo a seguir principia uma nova hora!
Como nunca fui capaz de entender isto, julgo que se trata de uma doença grave. «O tempo escapa-se-me por entre os dedos!», «O tempo corre mais veloz do que um cavalo!», «Dá-me um pouco mais de tempo», - tais são os queixumes do homem branco.
Dizia eu que se deve tratar de uma espécie de doença... Suponhamos, com efeito, que um Branco tem vontade de fazer qualquer coisa e que o seu coração arde em desejo por isso: que, por exemplo, lhe apetece ir deitar-se ao sol, ou andar de canoa no rio, ou ir ver a sua bem-amada. Que faz ele então? Na maior parte das vezes estraga o prazer com esta ideia fixa: «não tenho tempo de ser feliz».
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