No cumprimento do ritual de visita do Ministro da Educação a uma escola no início de cada ano lectivo, aquelas iniciativas no âmbito da chamada política de proximidade, o Ministro Fernando Alexandre afirmou, "Não consigo perceber como é que se desvalorizou tanto, socialmente, os professores. Os professores, durante muitos anos, andaram em manifestações, com razões para isso, mas o professor é alguém que é respeitado na sociedade por ser alguém que sabe, que tem autoridade, que é respeitado por gerações e gerações de alunos. Alguém que anda em manifestações perde toda essa aura".
Lembrei-me de Sá de Miranda, "M'espanto
às vezes, outras m'avergonho".
O Senhor Ministro reconhece,
claro, a desvalorização social e profissional dos professores, mas não podem
manifestar o seu descontentamento, perdem a “aura”.
Não sei bem o que o Senhor Ministro entende por perder a aura, mas a aura perde-se e o mal-estar cresce com as condições de carreira e avaliação, a instabilidade nos trajectos profissionais, a desvalorização sentida, a asfixia da carga burocrática, o clima de escola em algumas situações, entre outras razões.
Não Senhor Ministro, os professores que se manifestam não perdem a aura, manifestam-se justamente para recuperar a aura que as políticas públicas de educação a pouco e pouco lhes foram roubando.
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