Estamos à beira do arranque das aulas com a continuidade do novo normal, alunos sem professor a alguma disciplina. Veremos o cenário que nos espera se, entretanto, o ME conseguir apurar o número, tarefa que parece transcendentemente difícil.
Têm sido conhecidas algumas
medidas ou orientações em matéria de política educativa, mas creio que continua
a faltar uma medida imprescindível e inadiável, a simplificação. Importa sublinhar
que estou a falar de simplificação e não facilitação, seja em que área for.
Refiro-me e não é a primeira vez
que o faço, à necessidade imperiosa de diminuir a burocracia asfixiante que
obriga as escolas, professores, técnicos e directores, a uma espécie de
"agitação improdutiva" consumindo esforço e recursos que,
basicamente, apenas alimenta o cansaço e a ineficácia promovendo mais problemas
que contributos para soluções.
A experiência mostrará certamente
o impacto que medidas neste sentido terão na realidade escolar, mas qualquer
passo no sentido de devolver tempo e tranquilidade aos professores e de
economizar processos será positivo.
O quotidiano das escolas, dos
professores está mergulhado numa complexa teia de procedimentos, situações,
medidas, iniciativas, designações, acções, preenchimentos, actividades,
relatórios, grelhas, indicadores, etc., na qual se enredam os processos educativos,
a essência do trabalho que envolve alunos, professore e técnicos.
A esta dimensão do trabalho das
escolas e agrupamentos acresce a gama sem fim de Planos, Projectos, Programas,
Iniciativas, as combinações são múltiplas, destinados a tudo e mais alguma
coisa, certamente relevantes e, sobretudo, inovadores.
Assim, em linha com o que por
aqui já por aqui tenho sugerido, desejado, que alguma vez e de forma bem
vincada, a tutela estabeleça a simplificação como orientação central nas
diferentes dimensões das políticas públicas de educação.
Seria desejável e necessário que
o trabalho a desenvolver, os conteúdos envolvidos, os dispositivos em
utilização, a organização de tempos e rotinas, etc., tivessem como preocupação
a simplificação, professores, técnicos, alunos e famílias ganhariam. Esta
simplificação deve incluir a avaliação e registos. Seria positivo que, tanto
quanto possível, se aliviasse a pressão “grelhadora” e a carga burocrática a
que habitualmente escolas e professores estão sujeitos e que agora parece ser
objecto de “emagrecimento”.
Como é evidente, sublinho, este
apelo à simplificação não tem a ver com menos rigor, qualidade,
intencionalidade educativa ou não proporcionar tempo de efectiva aprendizagem
para todos. Antes pelo contrário, se conseguirmos simplificar processos e
recursos, alunos, professores e famílias beneficiarão mais do esforço enorme
que todos têm de realizar e estão a realizar.
Sempre que falo desta questão
recordo-me do Mestre João dos Santos, a quem tarda uma homenagem com
significado nacional, quando dizia, cito de memória pelo privilégio de ainda o
ter conhecido e ouvido, que em educação o difícil é trabalhar de forma simples,
é mais fácil complicar, mas, obviamente, menos eficaz, menos produtivo e muito
mais desgastante.
Talvez valesse a pena tentarmos
esta via de mais simplificação. As circunstâncias já são suficientemente
complicadas.
Como costumamos dizer, deixem lá
ver.
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