Quem por aqui passa sabe que para além da paixão pela educação e a escola, universo no qual entrei aos seis anos pela mão da D. Beatriz e de que não mais saí, o Alentejo é outra das que me alimento. Começou em 1975 quando namorava, lá está, outra paixão até hoje, com uma então jovem professora do 1º ciclo que iniciou a sua carreira em Panóias, perto de Ourique. Acabei por, há quase trinta anos e num tempo em que o Alentejo ainda não estava em moda, adquirir um pedaço de paraíso onde não falta nada do que é o Alentejo, incluindo o trabalho.
Desejo muito que o Alentejo sobreviva
à ameaça do amendoal e olival superintensivos à mercê do engodo dos lucros
imediatos e com a complacência de políticas públicas que hipotecam o futuro.
Enquanto não … trabalhamos, dizem
que o trabalho dá saúde. Então que assim seja, os setenta já não estão longe.
Falta o Mestre Zé Marrafa que não merecia o que está a passar, mas vem o
Valter, rapaz vontadeiro e amigo que dá uma ajuda.
Como dizia o Mestre Zé, há sempre
que fazer, um hortelão só não trabalha quando não quer. E nós queremos.
Por estes dias, foi acabar de
traçar e carregar a lenha e sobrantes da limpeza de uns pinheiros bem grandes e
de umas nespereiras, fabricar um bocado de terra para encanteirar para nabiças,
espinafres e nabos que daqui a pouco serão semeados. Antecipando a chuva que
teima em não chegar, tapou-se a lenha que há-de aquecer o Inverno que traz um
frio áspero, tão áspero como o calor no Verão.
Acabámos de colher a azeitona para conserva, este ano quase não há azeitona para azeite, mas, quase sempre, depois de um ano bom, o anterior foi excepcional, vem um ano fraco. Aproveitamos para lá para Janeiro limpar algumas oliveiras e arranjar mais lenha. Ainda apanhamos mais umas nozes tardias e plantei uma gamboa que o Meste Zé carinhosamente tinha guardada para pôr aqui no monte e o filho me disse para ir buscar.
Também é preciso regar e não sabemos até quando, o tempo ainda vai quente. Oxalá o Outono traga água.
É uma paixão exigente, esta do Alentejo, do meu Alentejo, mas as paixões são assim, ou não o seriam.
E são assim os dias do Alentejo.
Sem comentários:
Enviar um comentário