Um dia destes, vida profissional bem mais leve, netos na escola, sentado no meu canto dei por mim a pensar como os cantos estão presentes na vida dos miúdos, umas vezes pela positiva, outras nem por isso e algumas mesmo pelas piores razões. A ver se vos consigo falar desta ideia esquisita.
Com os estilos de vida e valores presentes nas comunidades
actuais temos muitas crianças e adolescentes que vivem ao canto, muitas delas
num canto onde cabe pouco mais que um ecrã, no qual também aparecem outros como
eles, fechados num qualquer canto de outra qualquer família. No entanto, na
quase totalidade das famílias, os miúdos não vivem ao canto, ocupam um lugar
bem ao centro. Ainda bem, pelas famílias e, naturalmente, por eles.
Muitos de nós, sobretudo nas gerações mais novas, passaram
pelo jardim de infância, cujas salas estão frequentemente estruturadas em cantinhos que, por sua vez, nos organizam nas primeiras tarefas, o cantinho dos
brinquedos, cantinho dos livros, o cantinho das pinturas, etc., dando uma
primeira visão de um mundo aos cantinhos, organizado e à nossa espera.
Uns anos mais tarde, muitas crianças e adolescentes andam
nos cantos das nossas escolas, como figuras transparentes que quase nem
notamos, a menos que os comportamentos desajustados os tirem dessa
invisibilidade.
Felizmente, a maioria dos miúdos passa por situações de bem-estar
e vive com a tranquilidade própria de quem conhece os cantos à casa, como diz o
povo. Neste caso é um canto, é um encanto.
Finalmente, o espaço é curto, a referência para aquelas
crianças que ainda antes de nascer e ao longo de toda a sua vida, às vezes
curta, vão compondo um canto triste.
Sem comentários:
Enviar um comentário