É hoje divulgado o trabalho “Perfil Académico e Profissional de Professores do Ensino Superior que Asseguram a Formação Inicial de Professores” encomendado pela Edulog uma iniciativa da Fundação Belmiro de Azevedo. O estudo foi coordenado pela Professora Carlinda Leite e envolveu a análise de todos os 148 cursos, públicos e privados, de formação de professores acreditados pela agência de avaliação do ensino superior e envolveu 1736 professores que leccionam 2878 disciplinas.
Apenas conheço do estudo o que encontro na imprensa e a
referência mais sublinhada é “Um terço dos docentes
responsáveis pela Formação Inicial de Professores não tem formação no ramo
educacional e muitos dos que têm formação académica ajustada falta-lhes
experiência de dar aulas no ensino obrigatório” e, suponho, na educação
pré-escolar.
Aguardo a leitura do trabalho e, entretanto, umas notas
breves.
Estamos no início de um ciclo governativo, estamos a
atravessar um grave problema de falta de docentes (que se agudizará a curto
prazo) e talvez seja também a oportunidade para reflectir na formação de
professores, inicial e em serviço.
No entanto, face ao que já vi de comentários ao estudo, e
provavelmente não esquecendo a minha própria experiência, julgo que que não
estamos face ao Grande problema da formação de professores. Tenho colaborado
durante décadas em programas de formação inicial e contínua de professores do
pré-escolar, básico e secundário e, é verdade, nunca dei aulas no pré-escolar,
no básico ou secundário e nem sequer posso, a minha formação, licenciatura,
mestrado e doutoramento, não habilitam para a docência.
No entanto, a minha convicção e conhecimento, é que a minha
área científica, psicologia da educação e especialidade de doutoramento (necessidades
educativas especiais) é necessária na formação de docentes.
Se o trabalho que desenvolvi, não foi, não é, positivo, é
por falta de competência pessoal, não por ter ou não ter dado aulas pois nem
sequer o posso fazer.
Dito isto, e como já aqui tenho referido, julgo que será
necessário repensar a formação de professores evitando a tentação de “deskilling”
ou “desprofissionalização”. Como parece claro, repensar a formação de docentes
implicará ajustar requisitos para os formadores de professores.
Por agora, uma última nota e talvez demasiado simples. Se a competência dos formandos à saída dos cursos fosse basicamente dependente do
currículo dos seus docentes, todos os alunos de uma turma de futuros
professores ou de outra profissão, teriam as mesmas competências profissionais
o que, obviamente, não é verdade quando começam, nem na continuidade do
exercício profissional. Existem dimensões individuais que, naturalmente,
potenciadas por bons formadores promovem melhores professores. Ou não.
A esta questão soma-se, precisamos de não esquecer, uma carreira
valorizada desde o início e dispositivos também competentes de apoio ao
desenvolvimento profissional. No entanto, o universo da oferta de formação para
professores é também uma questão que carece de análise e regulação. Ou não.
3 comentários:
Muito bem! Concordo plenamente José Morgado.
Sempre bem explicado!
Em total acordo
Totalmente de acordo, doutor Ze Morgado. Imagine, agora, quem está sentadinho no seu gabinete, sem qualquer experiência do terreno, " dar aulas em sala de aulas", a fazer/ inventar legislacao...
(fico por aqui...)
Enviar um comentário