Apesar de não ter grandes expectativas sobre as conclusões, decidi assistir ao “É ou não é?”, programa de informação e debate dedicado ao “futuro da educação”, mas centrado sobretudo na questão da falta de professores.
Parece clara a enorme dificuldade de resposta imediata à
complexidade do problema ainda que tenham sido referidas, entre outras
iniciativas, a necessidade e justiça de proceder à integração de milhares de professores
contratados e já com anos de experiência, a necessidade de adequar a carreira,
o modelo de progressão e avaliação, o ajustamento e valorização do estatuto salarial
dos docentes, a promoção da sua valorização profissional e social ou a
desburocratização do trabalho dos professores. Estes aspectos parecem consensuais
e a natureza do programa também não permitia ir muito mais longe.
No entanto, creio que o debate ficou marcado por duas
intervenções. A primeira envolveu o peso fortíssimo do testemunho de uma
professora sobre a sua situação profissional e as implicações pessoais,
profissionais e familiares duríssimas, injustas e incompreensíveis.
A segunda remete para a intervenção e postura da antiga
Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, cujo desempenho enquanto
ministra ficou fortemente associado a alguns dos problemas que afectam os
professores e o sistema educativo e que já eram conhecidos na altura. Das suas
afirmações releva algo de um despudor ético que indigna, mas, lamentavelmente,
não surpreende e que se traduziu num assertivo, ”Não sei como chegámos aqui
assim. Não sei e não quero saber.”
É verdade que é uma situação habitual nos discursos de
pessoas que ocuparam cargos políticos de relevo e que depois de o deixarem
defendem o que não fizeram, esquecem ou negam o que fizeram ou defendem o que
de errado, muito errado, fizeram.
No entanto, sendo frequente não deixa de ser uma indignidade
e desrespeito pela comunidade.
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