quarta-feira, 20 de abril de 2022

"É OU NÃO É?" É ... DE UM ENORME DESPUDOR

 Apesar de não ter grandes expectativas sobre as conclusões, decidi assistir ao “É ou não é?”, programa de informação e debate dedicado ao “futuro da educação”, mas centrado sobretudo na questão da falta de professores.

Parece clara a enorme dificuldade de resposta imediata à complexidade do problema ainda que tenham sido referidas, entre outras iniciativas, a necessidade e justiça de proceder à integração de milhares de professores contratados e já com anos de experiência, a necessidade de adequar a carreira, o modelo de progressão e avaliação, o ajustamento e valorização do estatuto salarial dos docentes, a promoção da sua valorização profissional e social ou a desburocratização do trabalho dos professores. Estes aspectos parecem consensuais e a natureza do programa também não permitia ir muito mais longe.

No entanto, creio que o debate ficou marcado por duas intervenções. A primeira envolveu o peso fortíssimo do testemunho de uma professora sobre a sua situação profissional e as implicações pessoais, profissionais e familiares duríssimas, injustas e incompreensíveis.

A segunda remete para a intervenção e postura da antiga Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, cujo desempenho enquanto ministra ficou fortemente associado a alguns dos problemas que afectam os professores e o sistema educativo e que já eram conhecidos na altura. Das suas afirmações releva algo de um despudor ético que indigna, mas, lamentavelmente, não surpreende e que se traduziu num assertivo, ”Não sei como chegámos aqui assim. Não sei e não quero saber.

É verdade que é uma situação habitual nos discursos de pessoas que ocuparam cargos políticos de relevo e que depois de o deixarem defendem o que não fizeram, esquecem ou negam o que fizeram ou defendem o que de errado, muito errado, fizeram.

No entanto, sendo frequente não deixa de ser uma indignidade e desrespeito pela comunidade.

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