Em matéria de educação e apesar de se vislumbrar uma evolução positiva e próxima da normalidade, seja lá isso o que for, continuamos a viver o tempo mais estranho de que me lembro nesta estrada já longa.
Estamos a duas semanas do início das actividades lectivas,
da chegada dos alunos às escolas, e boa parte das referências da imprensa de hoje centram-se em … isolamento, a definição de regras de
isolamento mais ou menos flexíveis.
Sim, conhecemos todos o contexto da discussão, mas a verdade
é que discutir isolamento social em contexto de escola é algo, por assim dizer, contra-natura. Estamos mesmo em tempos de uma enorme singularidade.
A escola é por natureza e função um espaço e contexto de
relação, proximidade, comunicação, justamente tudo o que não será isolamento
social.
O clima de aprendizagem, a qualidade e nível de interacção e
relacionamento social entre alunos e entre professor e alunos é uma variável
fortemente contributiva para a qualidade dos processos educativos.
A educação escolar é estruturada e alimentada pela relação e
a relação, para que exista e seja positiva, tem como ingrediente … a emoção que
a proximidade alimenta. Nas minhas conversas por aí sobre estas coisas da
educação desafio muitas vezes pais ou professores a recordarem muito brevemente
professores com que se cruzaram e de quem guardam boas memórias. Quando lhes
pergunto porquê, as justificações remetem muito significativamente para a
relação que com eles tiveram, para além do que com eles aprenderam das “coisas
da escola”.
Como dizia em cima, a educação escolar, a acção do
professor, tem esse princípio fundador, assenta na relação que se
operacionaliza na comunicação. Também por isso são também preocupantes os
tempos que vivemos em que os professores têm pouco tempo para comunicar, para
conversar com os alunos, em que estamos em risco de isolamento, e as emoções
tantas vezes entram em turbulência e descontrolo.
Esperemos que seja baixo ou inexistente o risco de isolamento.
Para todos os alunos, é claro.
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