No Expresso está uma peça em que se abordam as dificuldades que a pandemia trouxe às escolas para desenvolver projectos inovadores que estavam em desenvolvimento ou em fase de planeamento e arranque, designadamente os que envolvia reconfiguração de grupos e turmas.
Dado que o próximo ano arrancará
ainda com restrições temo que a inovação possa continuar em banho-maria.
Peço desde já desculpa, será
conversa de velho, corro o risco de ser injusto, as tardes de domingo não são
particularmente inspiradoras, mas, já aqui o tenho referido, já me cansa a
recorrente narrativa da inovação. Aliás, se tivemos tempos de mudança foram
justamente, os desafios que a pandemia colocou e que as escolas enfrentaram com
gigantesco empenho. Os efeitos pesadíssimos da pandemia envolveram toda a escola, não só os projectos de inovação em desenvolvimento ou em planeamento.
As escolas são o agora, o
presente, e é neste presente que se constrói o futuro. Não existem poções
mágicas em educação por mais desejável que possa parecer a sua existência.
Também sei, tantas vezes escrevo
e afirmo, que são necessárias mudanças que acompanhem o tempo. As mudanças
reflectem-se em dimensões como currículo e organização, autonomia, organização
e recursos das escolas, valorização dos professores, etc.
Por outro lado, e como disse, não
simpatizo com a recorrente referência à inovação, ao “novo”. O desenvolvimento
das comunidades exige ajustamentos regulares no que fazemos em matéria de
educação e em todos os patamares do sistema, este é que é o grande desafio. Umas vezes melhor, outras vezes
com mais sobressaltos, temos feito um caminho importante e muito mais ainda
vamos ter que fazer, mas os ajustamentos que decorrem da regulação e avaliação
não têm que ir atrás da “mágica” ideia da inovação.
Tal como as crianças que só
aprendem a partir do que já sabem, nós também só mudamos a partir do fazemos e
do que sabemos. Este processo assenta num processo que deve ser robusto e
apoiado de auto-regulação e regulação que envolve actores e estruturas, ou
seja, o aluno, o professor, a escola, o ME, o sistema educativo. Dito de outra
maneira, a escola do futuro, seja lá isso o que for, constrói-se valorizando e
cuidando da escola do presente, como disse acima, o futuro é agora,
Mais uma vez desculpem o risco de
ser injusto, mas já sinto cansaço face à narrativa da "inovação".
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