Nos últimos anos tem-se verificado que numa percentagem significativa dos pedidos de reapreciação da classificação nos exames finais do secundário o resultado sendo para mim algo estranho a regularidade desta situação e a forma discreta como é acolhida.
Na primeira fase dos exames de20/21 foram objecto de reapreciação 2937 provas, 1.4% do total e em 75.1 % dos casos
os resultados subiram. O pedido de reapreciação corresponde a 1.4% do total. Retomo
algumas notas já aqui deixadas sobre esta situação.
Sabe-se que a avaliação escolar é
um processo que contém uma incontornável dimensão de subjectividade e complexidade,
por isso, é necessário um trabalho muito consistente ao nível da qualidade dos
exames, da solidez, clareza e coerência dos critérios de avaliação e,
naturalmente, da preparação e competência dos avaliadores. Estes aspectos são, aliás,
objecto de frequentes referências na imprensa durante a época de exames.
Ainda assim como explicar a percentagem significativa de recursos em que sobe a classificação? Por outro lado, também me
parece de considerar o risco de alguma perda de confiança no processo de
avaliação. Conheço muitas situações em que professores aconselham os alunos a
recorrer pois a probabilidade de conseguir melhoria na nota melhorada é grande.
Há alguns anos, também na altura
em foram conhecidos os resultados dos recursos, a professora Leonor Santos da
Universidade de Lisboa, especialista em avaliação das aprendizagens, afirmava
em entrevista ao Público que aqui citei na altura devido ao seu interesse, a
existência de estudos que confirmam a tendência de subida de notas nos
processos de reapreciação. Entende que tal situação decorre mais da “atitude de
base” do classificador que de erros cometidos. Afirma, “Há investigação que
já demonstrou que a preocupação dos avaliadores que estão a classificar pela
primeira vez é a de manter os mesmos critérios para todas as provas. Mas quando
está a fazer uma revisão de prova, a sua atitude é completamente diferente:
tenta aproveitar tudo o que for possível”.
Não sou especialista nestas
matérias, mas julgo que deveriam ser, tanto quanto possível, ponderadas e
consideradas para que os exames e a sua classificação mereçam a confiança de
alunos e famílias.
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