O arranque de cada ano lectivo é marcado regulamente por diferentes narrativas sobre a (a)normalidade com que acontece. Por razões de diferente natureza parece já tarefa quase impossível esperar que alguma vez essa normalidade seja um consenso.
Num ano ainda marcado por diferentes
efeitos da pandemia a que se juntam os efeitos de algumas dimensões das
políticas públicas de diferentes áreas também não seriam de esperar os
entendimentos sobre a “normalidade” do começo. Algumas notas.
Socorrendo-me apenas de
referências do Expresso encontramos algumas narrativas elucidativas.
Uma primeira nota relativa a um
artigo do Secretário de Estado Adjunto e da Educação em que se lê, “O ano
letivo 2021/2022 arranca com a certeza de que, pelo segundo ano consecutivo,
estamos não apenas a cumprir a missão natural da escola, mas também a mitigar
os efeitos da maior crise que assolou o nosso sistema educativo. A pandemia
afetou os alunos nas suas aprendizagens, aumentou desigualdades e gerou
ansiedade, perdas e instabilidade.”
O texto ilustra em seguida todas
as iniciativas e dispositivos que sustentam uma visão das escolas e das suas
condições que todos desejaríamos reais e universais. No entanto, muitas escolas
e por diferentes razões não cabem no retrato desenhado, conheço algumas e
regularmente recebo informações de outras.
Aliás, acontece que num outro texto do Expresso se refere a existência de cerca de 3 mil turmas com falta de
professores e a falta de profissionais de psicologia apesar de alguma evolução.
A insuficiência de docentes em muitas escolas, em particular de alguns grupos
disciplinares tem, aliás, sido referência na comunicação social nestes dias.
Ao fim de mais de quatro décadas
de trabalho nesta área já me cansam sucessivas narrativas assentes numa espécie
de pensamento mágico que mostram uma realidade virtual, que seria a dos nossos desejos,
mas que ainda não é a … realidade.
O futuro que hoje está a começar para
cada criança ou jovem vai ser amanhã.
É verdade que muitos amanhãs
cantarão e ainda bem que assim será.
Mas é também verdade que outros amanhãs
não conseguirão cantar ou cantarão de forma desafinada.
Não, não está tudo bem e para que
todos consigamos avançar é imprescindível que o reconheçamos.
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