Era uma vez um Rapaz. Não era um jovem como os outros. Tinha, diziam, uma deficiência mental.
O Rapaz em todo o tempo que andou na escola nunca aprendeu a ler, ou nunca lhe ensinaram, ou ainda, nunca terá perdido o medo de aprender. Talvez seja melhor aceitar que tem uma deficiência pois, como toda a gente sabe, os deficientes não aprendem a ler.
O Rapaz gostava muito de fazer bonecos
com material que encontrava como cartão e embalagens de plástico. E fazia
coisas bem giras, complexas, eu vi algumas, mas o que ele adorava mesmo era
estar com os miúdos de um ATL a ensinar-lhes a fazer os seus bonecos. Aí era um
Professor.
Um dia o Rapaz ia a passear com uma Professora e quando
passavam ao pé de uma biblioteca o Rapaz disse que às vezes ia lá, mas não
sabia ler. “Vês as ilustrações dos livros”, comentou a Professora.
“Professora, eu não sei ler, mas sei imaginar”, disse o Rapaz que fazia bonecos espantosos, ensinava os pequenos e não sabia ler.
Este Rapaz não é um personagem de uma história inventada.
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