sábado, 15 de maio de 2021

PORTUGUESES, UMA ESPÉCIE AMEAÇADA

 

Na imprensa de ontem divulgava-se que o número de nascimentos em Janeiro e Fevereiro foi o mais baixo desde que há registos levando a que o saldo natural entre nascimentos e óbitos se agrave, pois conjuga-se a baixa natalidade com o ou aumento da mortalidade.

Com estes indicadores acentua-se o inverno demográfico.

Nós, portugueses, somos uma espécie ameaçada e fico deveras inquieto com a aparente despreocupação que as autoridades na matéria e do universo da ecologia revelam e a ausência de medidas de protecção. Curiosamente, outras espécies ameaçadas são objecto de iniciativas que promovem a sua recuperação.

Na verdade, de há alguns anos para cá os portugueses têm sofrido com alterações a vários níveis que se traduzem na diminuição no nascimento de novos indivíduos.

As alterações climáticas e das condições de vida no território têm sido de alguma severidade criando um clima tenso, inseguro, que gera desconfiança e desesperança e aumentado as dificuldades da sobrevivência.

Neste contexto a actual pandemia vem constituir-se como mais uma séria ameaça à espécie.

Por outro lado, exceptuando alguns exemplares mais preparados, os portugueses têm sido vítimas de predadores, também conhecidos por mercados, que têm criado uma enorme pressão no nosso habitat instalando situações de carência e pobreza que dificultam a construção de projectos de vida que incluam filhos o que acentua o declínio da espécie.

É também sabido que nas espécies mais evoluídas assume especial relevância na sua sobrevivência e evolução o papel e a qualidade das lideranças. Também nesta dimensão se verifica uma enorme fragilidade criando uma deriva inconsequente e dispersão de esforços e ideias. Esta situação é ainda um contributo para as alterações climáticas que referi acima.

Os membros mais novos da espécie têm sido particularmente afectados pelas alterações no seu ecossistema pelo que população adulta tende a abster-se de aumentar o número de indivíduos, condição imprescindível à manutenção da espécie.

Acontece ainda que muitos milhares de portugueses, válidos e qualificados, sem que se sintam capazes da sobrevivência no seu habitat se sentem empurrados e têm partido para outros territórios onde muito provavelmente se adaptarão e a prazo abandonam, na prática, a sua espécie embora possamos beneficiar da presença de indivíduos de outras espécies que vêm para o nosso território e se adaptam a este habitat.

Neste quadro, parece urgente que se exijam medidas de protecção aos portugueses. Urge diminuir a actividade predatória sobre boa parte da população.

É necessário aumentar os níveis de protecção e incentivo à natalidade, mas de forma séria e não medidas inconsequentes e mais retórica. Os custos dos serviços de educação para os membros mais novos da espécie são dos mais altos da Europa.

Importa aumentar o bem-estar da população no seu todo e não de uma pequena minoria que é insuficiente para a manutenção da espécie.

Urge construir um caminho que possibilite a recuperação e proliferação da espécie.

Não somos uma espécie em extinção.

Somos, é verdade, uma espécie ameaçada.

Mas vamos sobreviver.

E para isso é preciso mudar.

Já.

PS – É fundamental que o Plano de Recuperação e Resiliência, em fase de aprovação, contemplasse de forma robusta e competente verdadeiras políticas de apoio às famílias.

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