Na imprensa de ontem divulgava-se que o número de nascimentos em Janeiro e Fevereiro foi o mais baixo desde que há
registos levando a que o saldo natural entre nascimentos e óbitos se agrave, pois
conjuga-se a baixa natalidade com o ou aumento da mortalidade.
Com estes indicadores acentua-se o inverno demográfico.
Nós, portugueses, somos uma
espécie ameaçada e fico deveras inquieto com a aparente despreocupação que as
autoridades na matéria e do universo da ecologia revelam e a ausência de
medidas de protecção. Curiosamente, outras espécies ameaçadas são objecto de
iniciativas que promovem a sua recuperação.
Na verdade, de há alguns anos
para cá os portugueses têm sofrido com alterações a vários níveis que se
traduzem na diminuição no nascimento de novos indivíduos.
As alterações climáticas e das
condições de vida no território têm sido de alguma severidade criando um clima
tenso, inseguro, que gera desconfiança e desesperança e aumentado as
dificuldades da sobrevivência.
Neste contexto a actual pandemia
vem constituir-se como mais uma séria ameaça à espécie.
Por outro lado, exceptuando
alguns exemplares mais preparados, os portugueses têm sido vítimas de
predadores, também conhecidos por mercados, que têm criado uma enorme pressão
no nosso habitat instalando situações de carência e pobreza que dificultam a
construção de projectos de vida que incluam filhos o que acentua o declínio da
espécie.
É também sabido que nas espécies
mais evoluídas assume especial relevância na sua sobrevivência e evolução o
papel e a qualidade das lideranças. Também nesta dimensão se verifica uma
enorme fragilidade criando uma deriva inconsequente e dispersão de esforços e
ideias. Esta situação é ainda um contributo para as alterações climáticas que
referi acima.
Os membros mais novos da espécie
têm sido particularmente afectados pelas alterações no seu ecossistema pelo que
população adulta tende a abster-se de aumentar o número de indivíduos, condição
imprescindível à manutenção da espécie.
Acontece ainda que muitos
milhares de portugueses, válidos e qualificados, sem que se sintam capazes da
sobrevivência no seu habitat se sentem empurrados e têm partido para outros
territórios onde muito provavelmente se adaptarão e a prazo abandonam, na
prática, a sua espécie embora possamos beneficiar da presença de indivíduos de
outras espécies que vêm para o nosso território e se adaptam a este habitat.
Neste quadro, parece urgente que
se exijam medidas de protecção aos portugueses. Urge diminuir a actividade
predatória sobre boa parte da população.
É necessário aumentar os níveis
de protecção e incentivo à natalidade, mas de forma séria e não medidas
inconsequentes e mais retórica. Os custos dos serviços de educação para os
membros mais novos da espécie são dos mais altos da Europa.
Importa aumentar o bem-estar da
população no seu todo e não de uma pequena minoria que é insuficiente para a
manutenção da espécie.
Urge construir um caminho que
possibilite a recuperação e proliferação da espécie.
Não somos uma espécie em
extinção.
Somos, é verdade, uma espécie
ameaçada.
Mas vamos sobreviver.
E para isso é preciso mudar.
Já.
PS – É fundamental que o Plano de
Recuperação e Resiliência, em fase de aprovação, contemplasse de forma robusta
e competente verdadeiras políticas de apoio às famílias.
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