Estamos a entrar no tempo a que gosto de chamar do milagre dos enxertos. O Mestre Zé chegou ontem ao Monte determinado a dar uma “aula” de enxertos e com ele determinado ...
Convocou-nos de forma irrecusável e eu, a Nela e o Valter, o nosso mais recente ajudante aqui na lida do monte, os oitenta anos do Mestre Zé e os nossos sessenta e muitos já pesam, preparámo-nos.
Com serrote, tesoura de podar, navalha de enxertos e baraço começam os enxertos dos cinco zambujos que estão a crescer em frente da casa.
Entretanto, o Mestre Zé já tinha colhido uma vara de oliveira mansa que parecia boa, tinha “vício”, largava a casca com facilidade.
O Mestre Zé fez o primeiro para mostrar como se fazia, é diferente dos enxertos das laranjeiras e dos pereiros que já “sabemos” fazer, diz ele que é nosso amigo.
Bom, depois do Valter chegou a minha vez. Primeiro, um corte no tronco do zambujo na altura certa e abertura de um golpe em t invertido para abrir a casca
Depois, na vara de oliveira mansa escolher uma zona com uma borbulha, realizar um corte circular um pouco mais acima da borbulha e outro mais abaixo e retirar com cuidado a casca que é então colocada no golpe feito no tronco do zambujo, bem junto à parte a descoberto e depois bem apertado com um baraço para que o pedaço de casca nova que tem a borbulha que há-de, esperemos, dar um rebento de oliveira mansa fique bem colado ao tronco do zambujo.
Para acabar, apanha-se um pouco de pasto que se coloca dobrado como um chapéu por cima do enxerto, apertado também com um baraço, para o proteger do Sol se ele, como se espera, rebentar.
Está feito.
O Mestre Zé com os olhos pequeninos a brilhar diz que não me saí mal, acho que para dar ânimo. Ainda assim avisou que se o enxerto não pegar pago o almoço. Estou a ver o que me espera.
É um trabalho bonito, de uma árvore que pouco mais dará que lenha fazer uma que nos dê azeitona para comer e para azeite e ainda lenha é mesmo milagre.
São também assim os dias do Alentejo.
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