Lá naquela terra onde acontecem coisas, de que de vez em
quando aqui vos falo, existem costumes e hábitos muito engraçados.
Uma das coisas que me parece mais interessante é a
existência e a intervenção dos génios, isso mesmo, dos génios, muitos génios. Em todas as
áreas que compõem a vida das pessoas existe um grupo de génios com ideias
geniais, claro, que sabem sempre como tudo deve acontecer e tudo se deve
passar. Todos os dias, seja qual for o assunto que esteja em discussão, lá
aparecem os génios de serviço, nos diferentes meios de comunicação a explicar,
sem margem de dúvida ou hesitação, o que as pessoas devem pensar ou saber sobre
a matéria em apreço. Há mesmo génios tão geniais que conseguem ser génios em
várias áreas, assumindo um estatuto de tudólogo, os que sabem de tudo, que é
verdadeiramente impressionante. E quanto mais complexas são as situações, mais os
tudólogos se ouvem, vêem e lêem.
O que é mais curioso, embora naquela terra onde acontecem
coisas não faltem aspectos curiosos, por assim dizer, é que pouca gente parece
levar a sério os génios, ou seja, para tudo e mais alguma coisa se interpelam
os génios, estão sempre presentes, mas depois quase ninguém liga ao que eles
dizem. Eles, os génios, são os únicos que se levam sempre a sério. É vê-los e
ouvi-los com um ar absolutamente compenetrado a debitar genialidades a que
ninguém liga, mas que lhes concedem espaço e tempo para expressar.
Os génios daquela terra onde acontecem coisas, aqueles que
aparecem como génios, são assim uma espécie de adereço, sem qualquer utilidade,
mas que sempre compõe o cenário.
Para completar este retrato, é também curioso, para ser
simpático, que às pessoas que verdadeiramente sabem do que está a ser abordado também
pouca gente parece ligar.
São, também assim, os dias lá naquela terra onde acontecem
coisas.
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