sexta-feira, 6 de novembro de 2020

TREPAR AO CAQUIZEIRO

 

O Professor Carlos Neto tem na edição em papel da Visão uma entrevista que merece leitura. A propósito do seu recente livro, “Libertem as crianças”. Carlos Neto retoma a sua ideia de sempre, a importância do brincar no desenvolvimento saudável das crianças e do pouco tempo que muitas crianças têm para brincar, sobretudo ao ar livre.

Também neste espaço e na intervenção profissional com professores, técnicos ou pais tenho defendido a mesma ideia, a importância do brincar e do brincar ao ar livre.

Talvez por isso foi-me solicitada uma pequena colaboração numa peça que acompanha a entrevista.

Desta vez contei com a ajuda do meu neto Grande, o Simão. Com 7 anos é especialista em brincar. Eu, mais uma vez, insisti que brincar é a actividade mais séria que as crianças realizam, na qual põem tudo quanto são e preparam o tudo que virão a ser. Também disse que é urgente, mesmo nos tempos duro que vivemos, ou talvez por isso mesmo, que aumentarmos a brincadeira ao ar livre. É importante ter menos tempo as crianças em casa, muitas vezes com um ecrã por companhia a que acresce o tempo sem fim que passam na escola.

O jornalista lembrou-me que também está inibido o acesso e a utilização dos equipamentos dos parques infantis (quando existem equipamentos e parques) e que existem escolas em que quase não existe tempo de recreio.

Aqui o Simão “pediu-me” para dizer que na escola dele se brinca no recreio e para dizer que se pode brincar na rua sem ser com os equipamentos do parque infantil. Disse-me que adora subir às árvores no Parque da Paz, subir às árvores aqui no Monte e nesta altura do ano trepar pelo caquizeiro grande e apanhar caquis para a sobremesa. Empoleirado nas árvores, acho que ele se sente “dono do mundo” e “dono” dele seguramente. A autonomia e a confiança são justamente alguns dos muitos dividendos do brincar.

Podes ficar descansado Simão, eu disse isso ao jornalista.

Deixem as crianças brincar. A sério.

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