Foi divulgado o “European School Survey Project on Alcohol and other Drugs (ESPAD)" que analisa os padrões de
consumo de álcool e drogas de jovens europeus até aos 16 anos. Os dados
referem-se a 2019.
Comparativamente a 2015 e a anos anteriores
regista-se que o consumo de tabaco tem decrescido desde 2003, mas regista-se um
ligeiro aumento do consumo de álcool contrariando a descida que se verificava
desde 2007.
Ainda no que respeita ao consumo
de álcool é preocupante o consumo precoce, "a percentagem de jovens
portugueses de 16 anos que iniciaram o seu consumo aos 13 anos ou menos é
consideravelmente superior à média europeia".
Considerando outros
comportamentos de natureza aditiva, apesar do consumo genérico de canábis ser
abaixo da média europeia, os jovens portugueses apresentam padrões de consumo
mais problemáticos.
O consumo de diferentes
substância, em quantidade e em grupo por adolescentes e jovens, sobretudo ao
fim-de-semana, é muitas vezes entendido e sentido como o factor de pertença ao
grupo, potenciando a escalada desse consumo, juntos bebemos ou fumamos mais do
que sós, como é óbvio e o "estado" que se atinge é sentido como um
"facilitador" relacional.
Por outro lado, a acessibilidade
aos diferentes produtos não é complicada, antes pelo contrário, processa-se com
a maior das facilidades. Muitos adolescentes, ouvidos em estudos nesta matéria,
referem ainda a ausência de regulação dos pais sobre os gastos, sobre os
consumos ou sobre as horas de entrada em casa, que muitas vezes tem que ser
discreta e directa ao quarto devido ao “mau estado” do protagonista.
Como é evidente, já muitas vezes
aqui o tenho referido com base na minha experiência de contacto com pais de
adolescentes, não estamos a falar de pais negligentes. Podem acontecer
situações de negligência mas, na maioria dos casos, trata-se de pais, que sabem
o que se passa, “apenas fingem” não perceber desejando que o tempo “cure”
porque se sentem tremendamente assustados, sem saber muito bem o que fazer e
como lidar com a questão.
De fora parece fácil produzir
discursos sobre soluções, mas para os pais que estão “por dentro” a situação é
muitas vezes sentida como maior que eles.
É preciso que a comunidade esteja
atenta a estes adolescentes que, por vezes ainda antes dos 13 ou 14 anos
“acedem” às “litrosas”, aos shots, a qualquer outro produto para fumar ou
consumir e também aos seus pais que estão tão perdidos quanto eles.
Para além da legislação de natureza
proibicionista, parecem-me imprescindíveis, evidentemente, a adequada
fiscalização e, sobretudo a criação de programas destinados a pais e aos
adolescentes que minimizem o risco do consumo excessivo das diferentes
substâncias.
É mais uma das áreas,
comportamentos e saúde, que devem ser abordadas nas escolas e com todos os
alunos apesar de manifestos e discursos insustentáveis face a indicadores desta
natureza.
Acresce que a proibição, como
sempre, não basta e se prevenir e cuidar é caro que se façam as contas aos
resultados do descuidar.
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