Hoje começa mais uma etapa do desconfinamento do, deseja-se,
nosso contentamento. O passo mais marcante é, do meu ponto de vista, o regresso
a actividades educativas presenciais para alguns algumas crianças e jovens, nas creches e no ensino secundário.
Os tempos são estranhos, em primeira página e a propósito
deste regresso a JN colocava “Mais de 750 polícias e militares da GNR vigiam
alunos no regresso às aulas”, que raio de nova normalidade é esta?
Umas notas sobre este regresso de uma parte de crianças e jovens, mas,
sobretudo, de profissionais de educação, professores, educadores e auxiliares
ao seu espaço, a sala de aula.
A sala de aula, provavelmente e apesar das muitas mudanças
acontecidas, a acontecer e por acontecer, será ainda por muito tempo o
espaço onde se concretiza a escola, a educação escolar.
Quando refiro sala de aula não me refiro apenas a um espaço
físico, a sala de aula é mais do que isso e pode até acontecer noutros espaços
físicos, refiro a relação entre professores e
alunos e entre alunos num contexto de aprendizagem e desenvolvimento. Só por aqui e apesar das dificuldades podemos chegar a todos os alunos.
Com a experiência mais antiga e também com a mais recente talvez
tenhamos que reflectir e retomar coisas velhas, nada “inovadoras”, nada
"revolucionárias", nenhum “novo paradigma”, a educação escolar é
estruturada e alimentada pela relação e a relação, para que exista e seja
positiva, tem como ingrediente … comunicação e, naturalmente, a emoção.
Sabemos todos que quando recordamos positivamente
professores com quem nos cruzámos a razão é sempre a relação que com eles
tivemos para além do que com eles aprendemos.
A educação escolar, a acção do professor, tem esse princípio
fundador, assenta na relação que se operacionaliza na comunicação e se alimenta
da emoção. Sobretudo com os mais novos os ecrãs e as ferramentas digitais cabem
na educação, são imprescindíveis, mas a educação não cabe nos ecrãs e ferramentas
digitais.
Talvez comecemos a perceber que no tempo AC e durante estes
meses os professores têm pouco tempo para comunicar, para conversar com os
alunos e as emoções entram em turbulência e descontrolo.
No entanto e como já aqui escrevi, temo visões sobre
educação e escola que entendem os professores como “entregadores de conteúdos”,
os alunos “como dispositivos de aprendizagem” e a avaliação como medida e
também, naturalmente, realizada online. Também poderá atrair alguns pais
“ausentes” por razões que se prendem com a sua visão e projecto de vida nos
quais algum “do preço (tempo) a pagar por ter filhos” pode ser assumido por uma máquina.
Esperemos que surjam caminhos mais adequados e para já alguns dos mais novos, crianças e alunos do secundário e muitos educadores e professores estão de regresso, certamente num sentimento entre o receio e a alegria. Sejam bem-vindos(as).
Esperemos que surjam caminhos mais adequados e para já alguns dos mais novos, crianças e alunos do secundário e muitos educadores e professores estão de regresso, certamente num sentimento entre o receio e a alegria. Sejam bem-vindos(as).
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