segunda-feira, 18 de maio de 2020

ESTÃO DE VOLTA. SEJAM BEM-VINDOS(AS)

Hoje começa mais uma etapa do desconfinamento do, deseja-se, nosso contentamento. O passo mais marcante é, do meu ponto de vista, o regresso a actividades educativas presenciais para alguns algumas crianças e jovens, nas creches e no ensino secundário.
Os tempos são estranhos, em primeira página e a propósito deste regresso a JN colocava “Mais de 750 polícias e militares da GNR vigiam alunos no regresso às aulas”, que raio de nova normalidade é esta?
Umas notas sobre este regresso de uma parte de crianças e jovens, mas, sobretudo, de profissionais de educação, professores, educadores e auxiliares ao seu espaço, a sala de aula.
A sala de aula, provavelmente e apesar das muitas mudanças acontecidas, a acontecer e por acontecer, será ainda por muito tempo o espaço onde se concretiza a escola, a educação escolar.
Quando refiro sala de aula não me refiro apenas a um espaço físico, a sala de aula é mais do que isso e pode até acontecer noutros espaços físicos, refiro a relação entre professores e alunos e entre alunos num contexto de aprendizagem e desenvolvimento. Só por aqui e apesar das dificuldades podemos chegar a todos os alunos.
Com a experiência mais antiga e também com a mais recente talvez tenhamos que reflectir e retomar coisas velhas, nada “inovadoras”, nada "revolucionárias", nenhum “novo paradigma”, a educação escolar é estruturada e alimentada pela relação e a relação, para que exista e seja positiva, tem como ingrediente … comunicação e, naturalmente, a emoção.
Sabemos todos que quando recordamos positivamente professores com quem nos cruzámos a razão é sempre a relação que com eles tivemos para além do que com eles aprendemos.
A educação escolar, a acção do professor, tem esse princípio fundador, assenta na relação que se operacionaliza na comunicação e se alimenta da emoção. Sobretudo com os mais novos os ecrãs e as ferramentas digitais cabem na educação, são imprescindíveis, mas a educação não cabe nos ecrãs e ferramentas digitais.
Talvez comecemos a perceber que no tempo AC e durante estes meses os professores têm pouco tempo para comunicar, para conversar com os alunos e as emoções entram em turbulência e descontrolo.
No entanto e como já aqui escrevi, temo visões sobre educação e escola que entendem os professores como “entregadores de conteúdos”, os alunos “como dispositivos de aprendizagem” e a avaliação como medida e também, naturalmente, realizada online. Também poderá atrair alguns pais “ausentes” por razões que se prendem com a sua visão e projecto de vida nos quais algum “do preço (tempo) a pagar por ter filhos” pode ser assumido por uma máquina.
Esperemos que surjam caminhos mais adequados e para já alguns dos mais novos, crianças e alunos do secundário e muitos educadores e professores estão de regresso, certamente num sentimento entre o receio e a alegria. Sejam bem-vindos(as).



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