sábado, 13 de novembro de 2010

PELA SAÚDE DELES, DOS MIÚDOS

O Público de hoje apresenta uma peça em que se refere o aumento preocupante dos casos de Diabetes tipo I entre os mais novos. O papel da obesidade infantil no aumento deste tipo de diabetes ainda não é bem conhecido. No entanto, é muito clara a sua ligação com a Diabete tipo II sendo já verdadeiramente um caso de saúde pública. Há algum tempo contei aqui um episódio a que assisti. Um extremoso pai que, ao meu lado, proporcionava a uma criancinha com 8 ou 9 anos um pequeno-almoço composto de três salgados e uma lata de cola. Curiosamente esse texto despertou algumas reacções vindas, creio, de algumas pessoas que entendem que qualquer discurso ou iniciativa no âmbito dos comportamentos configuram uma intromissão e desrespeito dos direitos individuais. Insisto na necessidade de iniciativas e discursos que promovam comportamentos mais saudáveis sobretudo quando se trata de crianças que são obviamente mais vulneráveis e desinformadas.
Em estudo há algum tempo um estudo divulgado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade revelava indicadores preocupantes. Entre os 2 e os 5 anos, 27,4 dos rapazes e 30,8% das raparigas estão em situação de pré-obesidade ou obesidade. Na faixa etária entre os 11 e os 15 anos a percentagem é de 28,6 para os rapazes e 27,8 para as raparigas. Em adultos e sem surpresa os números pioram, 50% dos homens e 30% das mulheres estarão em situação de pré-obesidade ou obesidade.
As consequências potenciais deste quadro em termos de saúde e qualidade de vida são muito significativas, quer em termos individuais, quer em termos sociais. Assim, e como já tenho referido no Atenta Inquietude, um problema de saúde pública desta dimensão e impacto justifica a definição de programas de prevenção, educação e remediação que o combatam.
Provavelmente, teremos algumas reacções contra o chamado “fundamentalismo nos hábitos individuais” mas creio que são também de ponderar as implicações colectivas e sociais do problema. Além de que todos nós sabemos que o excesso de peso não será, para a esmagadora maioria das pessoas nessa situação, uma escolha individual, é algo de que não gostam e sofrem, de diferentes formas, com isso.

1 comentário:

Lipa Maria disse...

Tornamo-nos tão individualistas e egocêntricos que achamos que tudo o que seja intrometermo-nos na vida alheia, é somente isso, intromissão. Pois eu acho que não. Devemos metermo-nos na vida alheia quando vemos que alguém mais vulnerável está a sofrer nas mãos de um pai, marido, patrão, ou que seja.
Mas esta tão portuguesa consciência social teima em pegar!
Bom post, óptimo blog! Continue.