O JN de hoje apresenta um trabalho muito interessante sobre a família que enquanto instituição, tem passado nos últimos anos por alterações em diferentes aspectos designadamente nos modelos de organização e prevalência desses modelos e, sobretudo, nas dinâmicas de funcionamento em consequência dos ajustamentos nos estilos de vida que as sociedades modernas implicam. Creio que ainda não é possível entender e gerir todo o alcance e implicações destas alterações, embora seja possível perceber a dificuldade que muitas famílias expressam no sentido de responder em circunstâncias diferentes, e em mudança, às exigências e funções que se acreditam continuar centradas na(s) família(s) independentemente dos seus modelos de organização.
Neste contexto, considerando as problemáticas a que estou mais atento, é frequente a referência ao número crescente de crianças e jovens que, por diferentes circunstâncias, se encontram “entre”famílias”, isto é, permanecem numa situação familiar com um dos progenitores e, em tempos variáveis, integram uma outra situação familiar com o outro progenitor. O volume de opiniões sobre estas situações é extenso, oscilando entre considerações de natureza moral e/ou ética e um entendimento científico sobre a forma como as famílias e sobretudo as crianças e jovens lidam com as circunstâncias. Por mim, creio “apenas” que o(s) ambiente(s) familiar(es) deve ser suficientemente saudável para que a criança se organize também saudavelmente e faça o seu caminho.
A este propósito recordo uma pequena história que há já algum tempo aqui deixei no Atenta Inquietude.
No último dia de aulas, a Ana foi à biblioteca da escola entregar um livro. Quando estava para sair, o Professor Velho, o que está na biblioteca e fala com os livros, disse-lhe adeus e desejou-lhe boas férias. A Ana riu-se.
Vão ser boas, Velho, vou ter duas férias.
Duas férias, Ana? Como é isso?
Primeiro, vou de férias com a minha mãe, com o amigo dela, o João, e com o Manel que é filho do João. Depois, vou de férias com o meu pai, a amiga dele, a Sara, e com o Tito que é o filho da Sara.
Estás contente?
Claro. Eles são todos fixes e a gente farta-se de brincar. Brinco mais do que brincava quando vivia com o pai e a mãe. Eles estavam sempre um bocado chateados e a gente não brincava muito. Já viste Velho, tinha uma família chata e agora tenho duas famílias mesmo fixes.
Sorte a tua, Ana, boas férias.
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