Aqui há dias numa roda de gente interessada nas coisas da educação conversava-se sobre uma das características que, do meu ponto de vista, mais carece de modificação no nosso sistema educativo, os conteúdos e a organização curricular, sobretudo no ensino básico.
Comentava-se, entre outros aspectos, a insustentável e injustificada existência de 14 disciplinas no 3º ciclo, a pressão criada no 1º ciclo nos últimos anos no sentido de os professores construírem horários com tempos fixos destinados às diferentes "disciplinas" decorrentes das áreas curriculares definidas. Meio a brincar, meio a sério até se afirmava que estará para aparecer a orientação do ME no sentido de na educação pré-escolar se proceder a esta disciplinarização criando tempos lectivos para as diferentes áreas de trabalho no jardim de infância. Como será óbvio, essas orientações traduzir-se-iam em seguida no aparecimento dos incontornáveis manuais e materiais de apoio, mais conhecidos por "livros de fichas".
A conversa estava animada em torno deste paradigma de urgente alteração, a excessiva "departamentalização" dos saberes especialmente nos anos iniciais, quando alguém contou que a filha, a frequentar o 1º ano e ainda a aprender a escola, coisa que é bem precisa antes de começar a aprender as coisas da escola, ao olhar para a mochila lhe perguntou, "Mãe, a matemática é aquilo dos números ou das letras?"
Os miúdos fazem perguntas mesmo disparatadas, é claro que a matemática é coisa de números e não tem nada a ver com a aquela coisa das letras que é um outro mundo, outra disciplina.
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