Ontem à noite, em consequência de uma mistura que a globalização promove entre a anglo-saxónica tradição do Hallowen e o português costume do Pão por Deus, bateram-nos à porta dois grupos de miúdos aqui do bairro, discretamente acompanhados a alguma distância por um dos pais porque, achamos e sentimos, a segurança já não é o que era.
Ao primeiro grupo, com a falta de experiência relativamente ao Halloween mas com muitos anos de Pão por Deus, perguntámos se queriam romãs. Tínhamos chegado havia pouco do Meu Alentejo e vieram connosco uns cabazes de romãs. Este ano as romaneiras, aprendi a falar assim com os amigos de lá que não lhes chamam romãzeiras, esmeraram-se, ofereceram-nos umas romãs grandes, lindas de vermelho-romã, claro, e doces, muito doces.
À nossa pergunta uma das miúdas do grupo, talvez a mais velha, aí com uns nove ou dez anos, responde, "o que são romãs?"
Lá nos safámos na explicação e o grupo levou as romãs.
Ficámos em casa a pensar no que é o saber e de que saberes se faz a vida dos miúdos de hoje. Na verdade, é feita de muitos saberes, os que conhecemos, alguns que a nós nos escapam e outros que quando da idade deles nem sonhávamos. Não simpatizo muito com as discussões sobre o que os miúdos sabem actualmente em que, quase sempre, os mais velhos gostam de concluir pela superioridade dos tempos outros, os seus, naturalmente.
Acho apenas que gostava que os miúdos soubessem o que são romãs. São bonitas e doces.
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