terça-feira, 11 de novembro de 2014

QUENTES E BOAS

Hoje é o dia de S. Martinho, um dia em quando era miúdo se tornava obrigatório comer castanhas assadas. Os mais velhos acompanhavam-nas com água-pé. Coisas de outros tempos, é claro.
Hoje, temos umas referências rápidas nas escolas, uma chamada de atenção nos superfícies comerciais, sempre se vendem umas castanhas, e pouco mais.
No entanto, em algumas ruas de Lisboa, e não só evidentemente, nestes dias frios e com a noite a chegar mais cedo ainda sentimos o perfume das castanhas assadas pelos vendedores ambulantes. Sim, acho mesmo bom o cheiro das castanhas assadas na rua.
Apesar dos orçamentos se apertarem dramaticamente julgo que ainda faremos um esforço para aceder às castanhas assadas, mesmo que meia dúzia. É a única coisa que nos chega embrulhada num agradável "quentes e boas" o que na verdade merece saudação.
Em tempos frios como os que vivemos em que a cada notícia sobre a nossa vida nos deixa mais gelados e tão amargos no sabor que colocam nos dias que nos acolhem, é bom chegarem as castanhas assadas, "quentes e boas". Se calhar é isso que lhes dá o valor e daí serem caras.
Parece que já não podem ser vendidas embrulhadas em jornal ou nas infindáveis páginas das listas telefónicas. Coisas da segurança alimentar, ao que dizem, mas não é a mesma coisa. Castanhas assadas que se prezem vem num funil de papel de jornal.
Podemos tentar reproduzir em casa com equipamentos mais sofisticados umas castanhas assadas mas nunca ficam ou eu nunca consegui que ficassem ... quentes e boas, como as que se vendem na rua.
Nem com o mesmo cheiro a Inverno.
Logo, quando voltar da lida, vou trazer da rua umas castanhas assadas e beber um copo de água-pé que mão amiga e generosa me fez chegar.

À vossa saúde.

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